O presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB) admitiu possibilidade de aliança com o governador Camilo Santana (PT) para as eleições de 2018. “A aliança é administrativa em prol do Ceará. Se essa aliança se estender para um outro tipo de processo desde que não seja para beneficiar eleição de A ou de B e, sim, para que o Ceará possa continuar avançando e se desenvolvendo, ela é possível”, disse em evento no Palácio da Abolição na manhã de ontem.
Essa é a primeira vez que um dos dois admitiu que a aproximação poderia ir além do caráter “institucional” alegado desde que aliança começou a ser especulada. Camilo, no entanto, preferiu não comentar o assunto. Questionado, respondeu que “eleição é só no próximo ano”.
Ambos estiveram lado a lado no evento “Juntos por Fortaleza”, em que Camilo e o prefeito Roberto Claudio (PDT) anunciaram ações para a capital cearense. As trocas de agradecimentos deram tom de festa ao ato, onde foram anunciados quase R$ 2 bilhões em investimentos, dos quais uma parte teria sido conquistada graças ao apoio de Eunício no Senado.
“Quero agradecer em especial o Eunício e pedir uma salva de palmas para ele. Independente de cor partidária, o cargo que ele ocupa hoje tem ajudado muito os cearenses”, discursou Camilo. RC chegou a se referir ao peemedebista como “nosso presidente” em agradecimento.
Durante discurso, o senador também destacou que, “independente de posição partidária”, parceria era “para que o Estado possa se desenvolver”.
Eleições de 2014
Antigo aliado dos Ferreira Gomes, o senador rompeu com o grupo em 2014 e adotou discurso crítico tanto aos ex-governadores Cid e Ciro Gomes (PDT), quanto ao governo de Camilo. Ontem, disse que avaliação que faz da gestão é “de trabalho”. “Sempre tive muito respeito pelo governador Camilo, mesmo durante a campanha. Eu nunca fui insultado nem nunca agredi o governador Camilo, e nunca fui agredido. Nunca fui um crítico severo do governador Camilo”, respondeu.
Bastidores
Camilo e Eunício chegaram juntos ao evento. Antes, eles estavam reunidos, junto com Roberto Cláudio, em conversa reservada na sala do governador no Palácio da Abolição.
O senador pareceu à vontade entre os ex-aliados. Durante apresentação do plano feita por Camilo e RC, que durou cerca de uma hora, ele conversou animadamente e por meio de cochichos com o presidente da AL-CE Zezinho Albuquerque (PDT).
Quem pareceu não estar gostando do tom do evento foi o deputado federal André Figueiredo, presidente do PDT. Sentado na ponta do palco, permaneceu maior parte da manhã calado e sério. Quase na outra ponta estava o senador petista José Pimentel, lembrado algumas vezes nos discursos, mas sem espaço para fala oficial. O deputado federal José Guimarães (PT) também esteve presente. Este negou caráter político do ato
(O POVO – Repórter Letícia Alves)