O placar em favor da recondução de Augusto Aras ao cargo de
procurador-geral da República mostra que a união de parte da esquerda com os
bolsonaristas em prol de alguns objetivos rende frutos. E da mesma forma que
trabalharam pela manutenção de Aras, vão buscar inviabilizar aqueles que
desejam se apresentar para a terceira via. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva procura atrair o PDT e o PSDB, de forma a tentar dinamitar o
fortalecimento de um candidato de centro-esquerda. O presidente Jair Bolsonaro,
da sua parte, busca todos os partidos mais à direita com o mesmo objetivo.
Esse
caminho já levou, inclusive, os integrantes do PP ligados ao governo a sugerir
que Bolsonaro retirasse o nome de André Mendonça como indicado ao Supremo
Tribunal Federal para colocar no lugar dele o atual presidente do Senado,
Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Só tem dois probleminhas: 1) Pacheco, no papel de um
jovem e promissor pré-candidato a presidente da República, não se mostra muito
inclinado a deixar a carreira política aos 45 anos para passar quase uma vida
no STF; 2) Bolsonaro não vai tirar a indicação de Mendonça. Não quer briga como
os evangélicos. E, de mais a mais, depois que até a senadora Eliziane Gama
(Cidadania-MA) cobrou a data para a sabatina, vai ficar difícil Davi Alcolumbre
(DEM-AP) guardar essa indicação na geladeira por muito mais tempo.
(Denise Rothenburg)