Aos
16 anos, Antônio Lacerda resume esse desinteresse pelas eleições e a desilusão
com a política. "Estudar é muito mais recompensador do que ler o projeto
dos candidatos, sabendo que, no fim, tudo pode não ter passado de
fachada", disse o estudante, morador de Cruzeiro (SP). "Minha única
ligação com a política foi escutar na família como o candidato X roubou e como
o Y foi bom. Não acho essa fonte tão confiável."
Todo
esse desânimo tem crescido a despeito dos esforços do TSE. Desde 2020, a Corte
vem promovendo ações para incentivar a participação de jovens na política. Nas
últimas eleições municipais, o tribunal lançou uma campanha para que cidadãos
de 15 a 25 anos gravassem vídeos com sugestões de como melhorar suas cidades. A
ideia era aumentar o número de votantes menores de 18 anos que, na época, foi
de 914 mil.
O
voto facultativo para pessoas de 16 e 17 anos foi aprovado na Constituição de
1988, mas a Corte tem dados comparativos somente a partir de 1992, quando o
total de eleitores nessa faixa etária alcançou 3,2 milhões.
No ano passado, o TSE lançou nova campanha, no rádio e na TV, de vídeos protagonizados por atores de aparência juvenil com mensagens de estímulo à participação nas eleições. Também explorou redes sociais e plataformas de áudio. O empenho do tribunal, contudo, não bastou para superar fatores estruturais que, segundo analistas, têm afastado os jovens das urnas.