O governo adotou um duplo discurso de austeridade fiscal. Anunciou ontem um corte recorde de R$ 50 bilhões no Orçamento 2011, implicando num sacrifício que atingirá os Três Poderes e todos os ministérios. Suspendeu as convocações de aprovados em concursos públicos e as seleções previstas para este ano. Proibiu a compra de automóveis e imóveis. Impôs um teto para gastos com passagens e diárias. Congelou a maior parte do dinheiro de emendas de deputados e senadores. Mas está disposto a aumentar o salário de cerca de 22 mil funcionários comissionados — os DAS.
A titular do Planejamento, Miriam Belchior, solicitou um diagnóstico aos outros ministros sobre a necessidade de preenchimento de vagas e a realização de seleções para novas contratações. “Pedi um levantamento completo da situação de todos os concursos para avaliar caso a caso. Em princípio, as chamadas estão suspensas”, explicou a ministra. “Novas contratações serão olhadas com lupa”, emendou. O Correio antecipou, na terça-feira (08), a suspensão das seleções públicas e as convocações. Apesar do firme discurso contra a gastança, a ministra lembrou que os cargos de confiança, ocupados por pessoas afinadas politicamente com o governo, não têm os salários reajustados desde 2007. Segundo ela, ainda não há proposta de reduzir o número de comissionados na Esplanada. “Os salários dos DAS estão congelados desde 2007. Não temos decisão sobre o realinhamento dos salários. Apesar de que, do meu ponto de vista, seja justo um realinhamento”, afirmou Miriam. Os vencimentos desse quadro variam de R$ 2.115,72 a R$ 11.179,36.