Saber, a
presidente Dilma já sabia, de tudo o que o governador Eduardo Campos vem
falando do governo dela. Farpas, diatribes, críticas feitas pelo neto de Miguel
Arraes chegam todos os dias ao gabinete da chefe do governo, levadas por
ministros, assessores, aliados políticos e até, numa certa proporção, agentes
da Abin.
Poucos duvidam,
no palácio do Planalto, de que Eduardo Campos está em campanha, dentro daquele
raciocínio malandro de que “eu não me decidi, não quero, mas o meu partido quer
e me pressiona”. Ora, quem é o presidente e o próprio Partido Socialista
Brasileiro senão ele mesmo?
De qualquer
forma, Dilma terá viajado para o Vaticano carregada de mau humor, depois de
haver lido nos jornais volumosos resumos da palestra de Eduardo Campos a
sessenta empresários paulistas, na casa de um deles. Porque mesmo em seu estilo
sutil o governador desancou o governo. Se como aliado, comporta-se assim,
imagine-se quando tornar-se independente e, até, oposicionista.
Ao dizer “dá para
fazer muito mais” e acrescentar que “o país não começou ontem, nem com o
partido A, B ou C”, o convidado da plutocracia paulista agride o que a
administração do PT, desde o Lula, mais se orgulha. No caso, ignorando-se se
certo ou errado, que mudaram o Brasil.
Campos foi
adiante: as coisas podem piorar e há nas elites uma grande preocupação com o
futuro. Claro que há, poderiam os companheiros responder, na medida em que os
juros baixaram e o faturamento dos bancos e das empresas caiu um pouquinho.
Falou em sobressalto dos que foram atingidos por medidas do governo e os que
não foram. A assistência entrou em orgasmo ao ouvir que o estado precisa
evoluir, ou seja, tardam as tais reformas em favor do capital e contra o
trabalho.