Cid diz que fica
Apesar de ter garantido que continuará no governo do Ceará até o último dia de 2014, ficando de fora de qualquer disputa, os correligionários de Cid Gomes entregam que ele tem planos para o ano que vem. A depender dos arranjos, Cid deve ser candidato ao Senado em chapa que teria o atual senador Eunício Oliveira (PMDB) para o governo.
Na quarta-feira (06) Cid garantiu que não participará da campanha. Sua intenção é assumir um cargo no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), sediado nos Estados Unidos, posto que ocupou em 2005.
Lideranças do Pros, porém, afirmam que Cid deve se lançar ao Senado, mas deixará o anúncio para o ano que vem. “Ele continuará negando para evitar que o governo acabe antes da hora”, destaca um cacique do partido.
Cid disse também que saiu do PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por ter sido obrigado a apoiá-lo na candidatura à Presidência. “Saí porque fui convidado a me retirar. Fizeram um gesto de hostilidade muito agressivo comigo”, alfinetou.
O governador cearense acrescentou: “A despeito de terem considerado uma jogada de mestre, eu acho que a filiação de Marina Silva ao PSB foi uma decisão impensada de uma noite mal dormida. Uma soma negativa”. Para ele, Marina acabará sendo candidata e irá ao segundo turno com Dilma. (AC)
Cargo para novo velho aliado
Os irmãos e Ciro Gomes, que abriram mão da Secretaria dos Portos quando o PSB desembarcou do governo federal, devem retomar o controle da pasta agora que fazem parte da cúpula política do Partido Republicano da Ordem Social (Pros). A dupla se filiou à legenda, criada há pouco mais de um mês, levando 40 prefeitos cearenses, inclusive o de Fortaleza, Roberto Cláudio. Apesar de não ter especificado a pasta, a presidente Dilma Rousseff confirmou ao comando do partido que eles serão incluídos na reforma ministerial prevista para dezembro. O nome preferido da bancada do Pros para o cargo é o secretário de Saúde do Ceará e ex-ministro, Ciro Gomes.
Dilma já havia comemorado a criação do Pros, que se define como de centro-esquerda e em favor de seu governo. A força da sigla ficou ainda maior depois de o partido anunciar, oficialmente, a criação de um bloco com o Partido Progressista (PP), o que os transformou na terceira maior bancada da Câmara, com 57 deputados — atrás apenas do PT, com 88, e do PMDB, 76. O líder do Pros na Casa, Givaldo Carimbão (AL), disse no evento de ontem que, em conversa na semana passada em que o partido se oficializava como governista, a presidente convidou a legenda para assumir um ministério, sem especificá-lo. “Mas em momento algum nós pedimos um cargo ou condicionamos nosso apoio a isso”, garantiu Carimbão.
Consultada, a bancada da legenda não se opôs ao nome de Ciro como indicado ao possível posto que a presidente Dilma lhes dará. O interesse dos parlamentares agora é com a própria candidatura à reeleição. “Eu e o presidente do partido (Eurípedes Júnior) vamos conversar pessoalmente com o Ciro em Fortaleza, na semana que vem, para tentar convencê-lo a aceitar. Ele tem nível para qualquer pasta”, afirmou Givaldo Carimbão. No meio governista, é consenso de que a indicação para o Ministério terá de partir dos irmãos Gomes, já que o Pros foi criado recentemente e não possui quadros técnicos suficientes para cacifar-se à uma vaga na administração federal.
O governador do Ceará, Cid, e Ciro Gomes, contudo, têm feito charme. Após participar ontem do evento de criação do bloco, Cid negou que ele e seu irmão pensem em retomar cargos no governo de Dilma. “Estamos em uma quarentena, justamente para evitar que nossa saída do PSB e ida para o Pros seja confundida com uma decisão fisiológica”, comentou o governador.
O PP também nega que a união com o Pros tenha sido motivada pela reforma ministerial de dezembro. O partido já comanda o Ministério das Cidades, um dos maiores orçamentos da Esplanada, e não esconde o desejo de herdar também o Ministério da Integração Nacional — a outra pasta que pertencia ao PSB, de Eduardo Campos. “Estamos com força para herdar não só mais um, mas dois ministérios”, completou outra liderança do partido.
A legenda sabe, contudo, que as chances de a Integração Nacional não ser ocupado pelo PMDB — mais precisamente pelo senador Vital do Rêgo (PB), por conta de acordos eleitorais locais — são mínimas. Por isso, segundo apurou o Correio, a legenda se contentaria em assumir a presidência da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).
(Correio Braziliense)