quarta-feira, 16 de junho de 2021

SENADORES ALEGAM INTIMIDAÇÃO DE FLÁVIO BOLSONARO CONTRA WITZEL

A CPI da Covid foi palco de bate-boca entre o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), hoje. Os dois eram aliados durante a eleição de 2018 – Flávio participou da campanha do então candidato ao governo fluminense. Ao longo do mandato, porém, houve um rompimento entre os políticos.

Flávio Bolsonaro não é membro da CPI, mas compareceu à sessão durante a oitiva de Witzel. Após uma discussão entre os dois, os senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) afirmaram que havia um “claro ato intimidatório” de Flávio contra o ex-governador.

Durante audiência nesta quarta, Witzel acusou o governo federal e o Ministério Público de perseguirem governadores. Ele sofreu um processo de impeachment após ser acusado de desvios na Saúde durante a pandemia.

'Tenha medo, não'

Após a declaração, o filho do presidente disse que é “muito grave esse fato trazido pelo depoente”. “O que ele está dizendo é que há um conluio de ministro do Superior Tribunal de Justiça para persegui-lo”, disse o senador, que também pediu para que se apure o que foi relatado.

Na sequência, o advogado de Witzel solicitou que fossem retiradas as “pessoas que são proibidas”, especialmente deputados federais, da comissão – que é exclusiva de senadores. “Tenha medo não, doutor. Não tenha medo não”, ironizou Flávio.

Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues reforçou que a comissão poderia acontecer de maneira reservada – quando não há a presença de assessores nem transmissão ao público.

Flávio novamente interveio: “Vamos dar transparência à CPI, senador. Tem que esconder nada de ninguém não”. “Eu não faço aqui menor questão de que o senador Flávio Bolsonaro esteja ou não presente”, respondeu o ex-governador.

“Se for reservado, vou estar presente também. Sou senador da República”, afirmou Flávio.

Randolfe Rodrigues interrompeu: “Está tendo uma clara intimidação”. Witzel, então, relembrou a relação que mantinha com a família Bolsonaro.

“Eu quero só dizer que eu não tenho nenhum problema em estar na presença aqui do senador Flávio Bolsonaro, eu o conheço desde garoto. Um garoto que conheço, a sua família, a sua mãe, a Rogéria Bolsonaro, conheço sua família, conheço seu pai de longa data. A minha questão aqui não é pessoal, a minha questão é institucional em defesa da democracia”, disse Witzel.

Flávio ironizou: “Que lindo discurso”.

“Se o senhor fosse um pouquinho mais educado e menos mimado o senhor teria respeito para o que eu estou falando”, afirmou o ex-governador. “O senhor me respeite”, disse.