As meninas adoram combinar os
encontros pelas redes sociais. Nas rodinhas, equipadas com seus smartphones e
iPods, elas postam mensagens nas redes em que contam o local onde estão e o que
estão fazendo, o famoso check in, assim como fotos pessoais, de celebridades ou
de roupas e esmaltes em alta no mundo da moda. “Gosto de compartilhar e curtir
o que minhas amigas postam e de saber o que elas estão fazendo”, diz Luísa
Neves, de 13 anos.
A atividade online intensa
das crianças e dos adolescentes preocupa os especialistas. “Você acaba deixando
o que a gente chama de um rastro digital muito preciso ao informar com muito
detalhe o seu cotidiano. Isso registrado na internet pode ser acessado por
pessoas mal intencionadas”, alerta o psicólogo e diretor de prevenção da
organização não governamnetal SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm.
A pesquisa TIC Kids Online
Brasil 2012, divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no país, mostra a
exposição dos pequenos no mundo virtual. Os indicadores revelam que, no país,
70% das crianças e dos adolescentes entrevistados têm perfil próprio nas redes
sociais. Entre os menores de 13 anos, 42% dos entrevistados (na faixa de 9 e 10
anos) e 71% (de 11 e 12 anos) já fazem uso delas. A idade mínima exigida para
ter um perfil na internet é 13 anos. Porém, grande parte altera a idade para
ficar conectado.
A pesquisa também constatou
que a maioria desses jovens coloca em seu perfil foto que mostra claramente o
rosto (86%), expõe o sobrenome (69%) e pode navegar nas redes sociais quando
quiser, sem acompanhamento dos pais (63%).
Um indicador que chama a
atenção é que 53% dos pais afirmaram não usar a internet. No entanto, 71%
acharam que as crianças usam a rede com segurança. Porém, a pesquisa mostra que
entre crianças de 9 e 10 anos, 6% já tiveram contato na internet com alguém que
não conhecia pessoalmente, entre 11 e 16 anos, o percentual sobe para 26%.
A proteção dos pequenos é uma
das atribuições da Polícia Federal (PF), mas não em todos os casos. “Para a PF
investigar precisa haver a publicação ou a disponibilização de arquivos
envolvendo pornografia infantil na internet, pois desse modo essa prática tem
caráter transnacional. A rigor, quando o caso se restringe ao armazenamento
desse tipo de material e ao abuso de crianças, quem assume é a Polícia Civil”,
explica o delegado da PF Júlio César Fernandes, responsável pelo grupo especial
de combate aos crimes de ódio e pornografia infantil na internet. O grupo,
criado em 2003, recebe e analisa as denúncias. As investigações são feitas
pelas delegacias de defesa institucional nas superintendências ou pelas
delegacias descentralizadas. O delegado disse ainda que o perfil dos
aliciadores é variado, sem faixa etária definida, mas a maioria é homem e
solteiro.(Agência Brasil)