Brasil 247 - É possível, e até provável, que alguns veículos de
comunicação tentem esticar ao máximo o "Rosegate", mas a crise que
envolve Rosemary Nóvoa de Noronha, a ex-chefe de gabinete da presidência da
República, em São Paulo, tem tudo para ter fôlego curto. Curtíssimo.
Em menos de 24 horas, assim que teve todas as informações sobre a
Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, a presidente Dilma decidiu exonerar
a funcionária, assim como outros servidores públicos que também serão alvo de
processos administrativos.
Deixou claro, portanto, que o governo nada teme - e que também não passa
a mão na cabeça de ninguém. No caso de Rosemary, seu padrinho era ninguém menos
que o ex-presidente Lula da Silva, que foi avisado por Dilma, sobre o caso,
quando já não havia mais nada a fazer. O teor das gravações e a forma como Rose
tentou resistir, ligando para o ex-ministro José Dirceu (que também disse nada
poder fazer), tornaram impossível sua permanência na presidência da República.
De todas as demissões efetuadas por Dilma, esta foi a mais ágil,
consolidando um padrão do Palácio do Planalto na gestão de crises. Algo que já
havia sido iniciado no primeiro ano de governo. Antonio Palocci era o
"superministro" e também um dos mais próximos a Lula, em 2013. Caiu
quando surgiram sinais de enriquecimento pessoal. Wagner Rossi, ex-Agricultura,
era da cota pessoal do vice-presidente Michel Temer. Também não resistiu à
avalanche de denúncias. Pedro Novais, ex-Turismo, fora indicação de José
Sarney, outro aliado importante, que preside o Senado. E assim aconteceu com
outros ministros de peso, como Alfredo Nascimento, ex-Transportes, e Orlando
Silva, ex-Esportes.
Demonstrando firmeza diante das crises, Dilma se consolida cada vez mais
como o nome do PT, em 2014. Ela mantém o eleitorado petista e avança em redutos
da oposição e da classe média. Pesquisa Ibope, divulgada ontem pelo 247, aponta
que ela aparece à frente do ex-presidente Lula na pesquisa espontânea, vencendo
em primeiro turno. E é também um erro imaginar que a demissão de Rosemary possa
abrir uma fissura nas relações dela com Lula. Os dois fazem parte do mesmo
projeto.
A
mensagem é clara: se houver outras Rosemarys no governo, trocando favores por
cruzeiros, operações plásticas ou qualquer outra coisa, que se cuidem!