Brasil 247 - Oficialmente, o ex-ministro da Justiça,
Marcio Thomaz Bastos, defendeu apenas o vice-presidente do Banco Rural, José
Roberto Salgado, por honorários não inferiores a R$ 10 milhões. Seu cliente,
ontem, teve a pena definida em 16 anos e oito meses de prisão, o que fará com
que cumpra boa parte dela em regime fechado. Uma pena "pesadíssima",
segundo o ex-ministro, que, na sustentação oral afirmava que a condenação de
Salgado desafiava a "lei da gravidade", uma vez que sua posse na direção
do banco ocorreu após a concessão dos empréstimos ao PT.
Bastos sustentava que os empréstimos, regulares, haviam
sido concedidos por José Augusto Dumont, já falecido, que foi presidente do
Rural. Salgado, assim como outros executivos do banco, apenas participaram dos
processos de renovação de uma operação já existente. Sua argumentação, no
entanto, não foi ouvida e o advogado que é constantemente badalado como o mais
influente do País – até por ter participado do processo de escolha de vários
ministros do STF – perdeu mais uma. Suas derrotas, como a de ontem, vêm
ocorrendo em série. O ex-ministro não conseguiu livrar Carlos Cachoeira da
prisão, antes de romper com o cliente, e também não teve sucesso na defesa de
Thor, filho de Eike Batista, que continua com a sua carteira apreendida.
Essa percepção de que Bastos possuía uma
varinha mágica foi decisiva no processo de escolha dos advogados. Oficialmente,
o ministro da Justiça participou apenas da defesa de Salgado, mas o fato é que
ele esteve por trás da defesa de vários réus, especialmente do núcleo político,
onde todos, agora, se preparam para morrer abraçados. E se os réus são
inocentes, como proclama a nota divulgada ontem pelo PT, há uma parcela de
culpa dos advogados, que foram incapazes de construir uma narrativa que convencesse
a maioria dos juízes, por mais atípico ou insólito que tenha sido o julgamento,
como defende o escritor Eric Nepomuceno (leia mais aqui).