Nas últimas décadas, acompanhamos a crescente adesão da
população brasileira à democracia. Se no final da década de 80 esse regime
tinha apenas 50% de apoio da população, em 2010 o número pulou para sonoros
83%, um crescimento bastante significativo. No entanto, desde a
redemocratização, a nossa cultura democrática convive em plena harmonia com
certas contradições.
Uma delas, talvez a maior, é a enorme desconfiança da população
quanto a suas instituições representativas. Hoje, o Congresso Nacional conta
com apenas um quarto da aprovação popular, isto é: senadores e deputados
federais têm desempenho avaliado como regular, ruim ou péssimo por 75% da
população. Não é difícil imaginar que, nesse panorama, o brasileiro acredite
que o país estaria melhor se não houvesse parlamento.É perfeitamente compreensível que uma sociedade democrática
esteja descontente com suas instituições de representação. É até saudável.
Contudo, é inaceitável que essa mesma sociedade não faça nada a respeito ou que
se satisfaça com as eleições como único instrumento de mudança. (Por
Ricardo Borges Martins)