Recém-anunciada pelo Senado, a reforma administrativa da Casa
prioriza o corte de funções comissionadas de baixo escalão e mantém diretorias
criadas exclusivamente para sustentar privilégios e mimos aos senadores. Na era
do check-in pela internet ou pelo celular, o Senado conserva setor com nove
funcionários, com salários superiores a R$ 15 mil líquidos, dedicados a retirar
bilhetes no balcão de companhias aéreas e carregar malas para os parlamentares
e parentes. Também preserva serviço VIP de porteiro, marceneiro, lavadeira e
“carregador de móveis” para os ocupantes de apartamentos funcionais. No
Aeroporto de Brasília, os carregadores de luxo retiram bilhetes nos balcões e,
segundo a Casa, “quando necessário”, resolvem “problemas de embarque e de
extravio de bagagens”. Pelas duas funções, a média da folha de pagamento dos
servidores do check-in, no mês passado, foi de R$19,7 mil líquidos, sendo o
salário do coordenador de Apoio Aeroportuário o maior. Francisco Farias recebeu
R$ 24.362,96, já deduzidos os descontos. Só de gratificação pelo comando da
área, ele contabilizou R$ 4.103,09, o terceiro nível mais alto de função
comissionada do Senado. O valor é maior do que os R$ 19,8 mil líquidos
recebidos pela presidente Dilma Rousseff para gerir o país.