Em 1974,
Nélson Cavaquinho (1911-1986) e Guilherme de Brito (1922-2006) compuseram uma
das joias da Música Popular Brasileira: “Quando eu me chamar saudade”.
Tornou-se um clássico na voz de dezenas de cantores e cantoras. A música
continua sendo porta-voz do apelo de muita gente que deseja veracidade nas
homenagens que, porventura, poderá receber.
Com
mensagem direta através de palavras de fácil compreensão, os compositores
reconhecem a intenção dos amigos em homenageá-los. Mas, apenas num futuro nada
agradável para quem vai receber a homenagem. Ou seja: quando ele se for dessa
pra melhor. Por outro lado, lembram a força e a voracidade do tempo, que faz
tudo cair no esquecimento. E, no final, dão a receita para que nada disso
aconteça e para que o homenageado fique satisfeito. Fica a lição: Uma homenagem
só cumprirá fielmente sua finalidade se for recebida pelo próprio homenageado e
se ele tiver como fazer proveito dela.
Infelizmente,
ainda há muita gente que não capta essa mensagem de Nelson Cavaquinho e
Guilherme de Brito. Dessa forma, continua comprando e guardando ouro (pra fazer
um violão), apenas juntando flores e mais flores e treinando para proferir um
belíssimo discurso algum dia, que de nada servirão para aqueles a quem deseja
homenagear. Em minha opinião, quando isso acontecer eles estarão
inconscientemente demonstrando a verdadeira intenção: homenagear a si mesmo,
“aparecer” diante de todos.
Mas
voltando a falar em homenagem sincera, mais que isso, em solidariedade com quem
realmente merece, veio-me à mente a figura de um ilustre sobralense: Monsenhor
Francisco Sadoc de Araújo (foto), 81 anos. E difícil se torna mencionar a
quantidade de pessoas por ele homenageadas e o número de benefícios por ele
trazidos para Sobral e região. Igual dificuldade também é encontrada se o foco
é o número de pessoas beneficiadas. Mas nada justifica que isso seja esquecido.
Além de
suas obras de pedra e cal, Mons. Sadoc de Araújo nos deleitou com “dedinhos de
prosa” fácil e contagiante durante maior parte da sua existência. E todos
silenciavam para receber sua mensagem, quer no púlpito das igrejas, nas salas
de aula, ao ler seus livros e artigos nos jornais, quer ouvindo suas sábias
palavras em encontros, solenidades, palestras, nas emissoras de rádio ou no
simples bate-papo do quotidiano. Agora, chegou a nossa vez.
Em
decorrência de problemas de saúde, atualmente Mons. Sadoc de Araújo está
necessitando, e por demais, de que levemos pessoalmente até ele nosso “dedinho
de prosa”.
Fazer
isso significa materializar nossa gratidão pelo muito que esse Padre-Mestre já
fez por nós. Além disso, é uma demonstração de que desejamos unir forças com
ele nesse massacrante momento de provação. Apenas um “dedinho de prosa” poderá
reverter-se num santo remédio para Mons. Sadoc nessa ocasião. (Por Artemísio da Costa – Coluna do Correio da
Semana)