O governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), disse que vem sendo hostilizado dentro de seu partido e avisou que poderá rever sua posição de permanecer na legenda.
A mudança no discurso ocorre no momento em que uma comissão organizada pela direção nacional do PSB no Rio de Janeiro fez um convite à ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins, presidente do PT cearense, para que se filie ao partido. Cid e Luizianne são desafetos declarados.
O governador do Ceará preferiu não atribuir a responsabilidade pelo convite ao presidente da legenda e presidenciável Eduardo Campos, governador de Pernambuco. “Não acredito que ele teve essa coragem”, comentou Cid.
Ele também evitou falar sobre a possibilidade de se filiar ao PROS, partido que corre para conseguir um registro na Justiça Eleitoral e que poderá se tornar o destino de aliados do governador cearense interessados em permanecer na base de apoio a Dilma.
Confira a entrevista:
iG: Governador, após a decisão do PSB de desembarcar do governo de Dilma Rousseff, o senhor tem pensado em deixar o partido?
Cid Gomes: Eu já tive a certeza de ficar, mas estou vendo gestos de hostilidade. Diante disso, eu pretendo compartilhar com outras pessoas essa sensação, para decidir o que fazer.
iG: De onde partiram essas hostilidades? Do presidente do PSB, o governador Eduardo Campos?
Cid Gomes: Não acredito que ele teve essa coragem.
iG: Então de que hostilidades o senhor está falando?
Cid Gomes: Você não viu a comissão no Rio de Janeiro na semana passada?
iG: O senhor tem conversado com o PROS. A intenção é migrar para esse novo partido?
Cid Gomes: Estou conversando com outros deputados, de outros partidos, que estão querendo mudar. Então, sugeri o PROS por entender que será menos traumático.
iG: Que deputados?
Cid Gomes: São deputados estaduais e federais. Não são do PSB. São deputados de partidos como o PRB, PPN, PSD e PR.
iG: Na semana passada o senhor conversou com a presidente Dilma Rousseff. Disse a ela da intenção de indicar um novo nome para a Secretaria dos Portos, já que o ministro Leônidas Cristino, indicado pelo senhor, entregará o cargo?
Cid Gomes: Se eu admitisse essa intenção, eu teria que admitir que houve esse encontro.
iG: E não houve?
Cid Gomes: Você está dizendo.
iG: Mas o senhor pretende indicar alguém do PROS, por exemplo?
Cid Gomes: Nunca tive interesse em indicar ninguém. A nomeação do Leônidas ocorreu porque a presidente queria um nome do Ceará.