Se tudo continuar bem entre os presidentes da República, Jair Bolsonaro, e da Câmara, Rodrigo Maia, há a expectativa de aprovação da reforma da Previdência, principal projeto neste início do governo. Porém, o caminho não deve ser tão suave se os próximos capítulos da tramitação seguirem o enredo anterior. Um dos motivos: o novo Executivo está prestes a completar três meses e, até o momento, tem dificuldades para consolidar uma base aliada no Congresso.
A falta de diálogo com as lideranças também é evidente: na saga para a escolha da relatoria do texto da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), parlamentares de partidos de centro e de direita se esquivaram do cargo. O relator indicado foi o Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG) que, embora carregue um currículo técnico na área jurídica, não é conhecido pelo bom trânsito entre os colegas — é um congressista de primeiro mandato, sem experiência legislativa anterior. Por isso mesmo, os próprios congressistas pedem mais diálogo com Bolsonaro.
A expectativa do presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), é de votar o texto em 17 de abril, a fim de pressionar o início dos trabalhos na Comissão Especial, que ainda não foi instaurada. Especialistas ouvidos pelo Correio analisam que, se na primeira etapa, considerada a mais simples do processo, houve obstáculos, o curso da comissão especial promete novos embates e, sobretudo, fortes negociações. Bolsonaro terá de mostrar aos deputados como é a articulação da “nova política”, se quiser aprovar a “nova Previdência”.
Não é novidade que parlamentares se queixam da falta de interesse do governo em dialogar com eles. Entretanto, o problema foi escancarado depois que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), cobrou de Bolsonaro a liderança nas articulações com os congressistas. Mesmo com a bandeira branca levantada e a ida do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ao Congresso, para ouvir as demandas dos líderes, ainda há um embate pela frente. A fim de conquistar vitória na reforma da Previdência, deputados esperam uma nova postura do Executivo a partir de agora. O primeiro passo do Planalto é aprovar o texto na CCJ que, depois, seguirá para a comissão especial.
(Correio Braziliense)