quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

MORADORES RECLAMAM DE CONSTRUÇÕES DESENFREADAS NA PRAIA DO PREÁ

A Praia do Preá, localizada no município de Cruz, interior do Ceará, sempre teve em suas areias um local de extrema procura para turistas de todo o Brasil, que buscam aproveitar em seu momento de lazer a atmosfera tropical do ambiente. Formada principalmente por famílias descendentes de pescadores,  o lugar tem em suas belezas naturais a principal renda de uma região preocupada cada vez mais em preservar o local da poluição muito presente na natureza brasileira e cearense. Com o crescimento do local, surgiu uma intensa especulação imobiliária que levou a construção de diferentes edifícios na região praiana, trazendo problemas antes inimagináveis para os habitantes.  


Com as comemorações do fim de ano, a questão se tornou o principal ponto de discussão entre os moradores do local após um intenso desgaste da área no último mês de 2023. Diferentes tipos de construções prejudiciais ao ecossistema e sem a realização de estudo de impacto ambiental adequado estão sendo feitas sem se preocupar com as consequências negativas que tudo isso pode trazer. Afetando o turismo sustentável e os moradores da região.

De acordo com o morador, Carlos Queiroz, o fato teve início com o profundo crescimento do Kite Surf . “Tudo vem acontecendo com esse boom do kitesurf. É um esporte que está crescendo muito, isso chama muita atenção e vai levando cada vez mais pessoas para a região. E isso vira um efeito multiplicador. Isso é saudável no momento que faz a roda girar, mas é preciso ir conscientizando a galera, para se comportar direito, não jogar lixo na praia, não andar com quadriciclo em área de proteção ambiental e etc. Tem que ter uma ocupação respeitosa, é isso que falta em todas as pessoas. Então a grande bandeira é essa, a bandeira da sustentabilidade, a sustentabilidade é comum a todos, todo mundo quer”, declarou. 

Vendo todos os fatores negativos, lideranças comunitárias juntamente com os habitantes tentam denunciar os efeitos irreversíveis, buscando salvar o espaço da destruição iminente.  Uma denúncia foi feita ao  MPF (Ministério Público Federal) alertando a emissão de licenças ambientais da Prefeitura sem uma avaliação criteriosa  em relação ao aspecto ecológico.  Até o lançamento desta reportagem, os órgãos da Prefeitura não fizeram nenhuma declaração em relação aos fatos narrados.    

Outro questionamento por parte da população é em relação à consistência e coerência das  políticas adotadas pela instituição responsável pelo aspecto ambiental do local: ICMBio  (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) que proíbe comerciantes de vender água de coco na praia, mas permite a instalação de contêineres na região.  

Para o empresário, Marco DalPozzo, que vive na região,  toda a situação precisa ser resolvida rapidamente, sendo cumprida a lei, salientando que os órgãos responsáveis precisam fazer o seu papel. “É muito simples, que os responsáveis façam e cumpram a lei. Que a prefeitura cumpra a lei, que o estado, as secretarias do ambiente, o ICMBio, o IBAMA e o DETRAN, faça o seu papel. Só isso, muito simples, é aplicar a lei que no Brasil já existe”, ressaltou. 

O empreendedor ainda realça as consequências negativas que podem acontecer caso nada seja feito para lidar com os problemas prejudiciais à praia.  “Pode acabar com o lugar, como aconteceu em outros lugares, e como está acontecendo em várias praias do Brasil inteiro. Esta praia tem um petróleo, que é o vento, tem o melhor vento do mundo, água quente, condições ideais para essas modalidades de windsurf, kitesurf. O lugar está acabando, virou uma grande confusão, uma urbanização desenfreada, um processo que  era esperado, mas está acontecendo com uma velocidade e uma falta de controle absolutamente inesperado, nunca visto. Então a preocupação é que o lugar acabe”, apontou. 

(Por Welisson Castro - O Estado)