Nos corredores do Supremo Tribunal Federal, uma coisa é certa: a expectativa por mais diligências contra Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados se torna cada vez maior. Fontes avaliam que a “porteira foi aberta” após as operações contra Carlos Jordy (PL-RJ) e Alexandre Ramagem (PL-RJ), autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes.
Segundo fontes, cerca de 18 deputados são investigados em inquéritos que correm no STF e operações contra eles devem se tornar mais frequentes.
E é bem do gabinete de Moraes que saem os inquéritos de maior interesse de Bolsonaro e seus sectários. O ministro cuida dos inquéritos das milícias digitais (que investiga desde o desvio de joias sauditas, existência do gabinete do ódio à fraude no cartão de vacina), das manifestações antidemocráticas e o inquérito da Abin (Agência Brasileira de Espionagem).
Tamanha concentração de poder tem gerado reclamação no Congresso Nacional. O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), se reuniu nesta semana com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, e pediu que Moraes deixe a relatoria dos casos de 8 de Janeiro. O pedido foi na esteira da entrevista de Moraes ao Globo, a qual disse que havia planos de golpistas para enforcá-lo em praça pública.
“Colocamos para o ministro a preocupação com a condução do processo de 8 de janeiro […]. Acreditamos que ele deveria abrir mão de conduzir o processo para que haja isenção e não haja, no futuro, nulidade”, disse Marinho na saída da reunião.
A expectativa também atinge os próprios bolsonaristas. Na Procuradoria-Geral da República, o atual chefe, Paulo Gonet, pode reanalisar investigações contra quatro deputados e divulgar parecer contra eles. Sob Augusto Aras, André Fernandes (PL-CE), Silvia Waiãpi (PL-AP), General Girão (PL-RN) e Clarissa Tércio (PP-PE) foram preservados, já que a PGR pediu o arquivamento dos casos ao Supremo Tribunal Federal.
(Noblat)