Na primeira semana de votação da reforma política, o Plenário da
Câmara decidiu manter o atual sistema de eleição de deputados e
vereadores; acabar com a reeleição para chefes do Executivo; cortar o Fundo Partidário
de legendas sem congressistas; e permitir doações de empresas a
partidos, e de pessoas físicas a partidos e candidatos. Tudo faz parte
da PEC 182/07, que está sendo discutida por temas.
Até agora, a reforma ocupou mais de vinte horas de debates em
Plenário, com dez votações nominais e momentos tensos. Houve bate-bocas
entre parlamentares, e o presidente da Casa, Eduardo Cunha, suspendeu a
sessão para reunião reservada entre os líderes em duas ocasiões – na
votação do financiamento empresarial e na discussão do tempo de mandato.
Os pontos mais controversos da reforma – financiamento e sistema
eleitoral – já foram superados, mas ainda falta discutir vários temas.
Ficou para depois do dia 10 de junho a decisão sobre duração dos
mandatos; eleições municipais e gerais no mesmo dia; cotas para
mulheres; voto facultativo; data da posse presidencial; federações
partidárias; entre outros assuntos. E o resultado final ainda precisa
ser votado em segundo turno antes de ir ao Senado. Para valer nas
eleições de 2016, as mudanças têm de entrar em vigor até outubro.
Distritão
A votação começou em clima polêmico depois da decisão dos líderes de votar a reforma direto no Plenário, cancelando a apreciação do parecer da comissão especial criada no começo do ano para examinar a matéria. Foi nomeado o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) como novo relator. O argumento é que seria mais fácil fechar acordos dentro do Plenário.
A votação começou em clima polêmico depois da decisão dos líderes de votar a reforma direto no Plenário, cancelando a apreciação do parecer da comissão especial criada no começo do ano para examinar a matéria. Foi nomeado o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) como novo relator. O argumento é que seria mais fácil fechar acordos dentro do Plenário.
Essa decisão, segundo vários deputados, foi um dos fatores que levaram à derrubada
do primeiro grande tema discutido: a mudança no sistema eleitoral. O
relator da comissão, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), chegou a
distribuir panfletos contra o sistema defendido por Rodrigo Maia, o
chamado distritão: seriam eleitos os deputados e vereadores mais votados
no estado, em sistema majoritário.
O distritão foi proposto pelo vice-presidente da República, Michel
Temer, e encampado por parte do PMDB. DEM, SD e as legendas pequenas
também orientaram o voto “sim”, porém o sistema teve 267 votos
contrários e apenas 210 favoráveis.
Todas as outras propostas de mudança na forma de eleger deputados e
vereadores também foram rejeitadas. Ficou valendo o modelo atual, o
sistema proporcional, em que as vagas são ocupadas de acordo com a
votação dos partidos e coligações.
Financiamento
O financiamento eleitoral foi outro tema polêmico da semana. Na terça-feira (26), o Plenário rejeitou a proposta que autorizava doações de empresas e de pessoas físicas aos candidatos e partidos, além do dinheiro do fundo partidário. Trata-se do modelo atual definido em lei, mas que é objeto de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) – seis ministros já votaram contrariamente às doações de empresas.
O financiamento eleitoral foi outro tema polêmico da semana. Na terça-feira (26), o Plenário rejeitou a proposta que autorizava doações de empresas e de pessoas físicas aos candidatos e partidos, além do dinheiro do fundo partidário. Trata-se do modelo atual definido em lei, mas que é objeto de uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) – seis ministros já votaram contrariamente às doações de empresas.
Uma nova emenda tratando do financiamento de empresas foi votada na
quarta-feira (27), sob protestos do PT e do PCdoB, que acusaram os
líderes da oposição e Eduardo Cunha de quebra de acordo, uma vez que o
tema teria sido votado na noite anterior. O presidente da Câmara
argumentou, no entanto, que o Regimento Interno determina a votação das
emendas aglutinativas assim que elas sejam apresentadas.
O texto aprovado
permite que empresas façam doações a partidos. Pessoas físicas poderão
doar para candidatos e partidos, que também continuam com direito ao
Fundo Partidário. A emenda prevê uma lei futura para estabelecer limites
globais de gastos das campanhas e limites para as doações.
Mais de 60 deputados de diversos partidos já assinaram mandado de
segurança a ser impetrado no STF contra a manobra de Cunha que permitiu a
aprovação do financiamento de empresas nas campanhas eleitorais. A ação
deve ser protocolizada nesta sexta-feira (29).
Reeleição e coligações
O Plenário também decidiu acabar com a reeleição para prefeitos, governadores e presidente da República. Pela proposta, os eleitos em 2014 e 2016 que estiverem aptos a se reeleger pela regra atual terão esse direito preservado.
O Plenário também decidiu acabar com a reeleição para prefeitos, governadores e presidente da República. Pela proposta, os eleitos em 2014 e 2016 que estiverem aptos a se reeleger pela regra atual terão esse direito preservado.
Em outra votação, os partidos pequenos saíram satisfeitos com a
rejeição do fim das coligações para eleições proporcionais, algo que
poderia custar a sobrevivência de legendas que, sozinhas, não conseguem
votos suficientes para atingir o quociente eleitoral e ter cadeiras na
Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas e nas câmaras de
vereadores. O PSDB foi um dos maiores defensores da proposta, porém saiu
derrotado.
Os deputados ainda resolveram limitar
o acesso ao Fundo Partidário e a utilização do horário eleitoral
gratuito de rádio e TV apenas aos partidos que tenham concorrido com
candidatos próprios à Câmara e tenham eleito ao menos um congressista
(deputado ou senador). Hoje, 5% do fundo são distribuídos entre todas as
legendas existentes, que também podem ir ao rádio e à TV. Com a
proposta, esses direitos só caberão aos que tiverem representação no
Congresso.