O governo de Michel Temer tornou-se o túmulo do recato. O pudor
perdeu o sentido. Num instante em que o Tribunal Superior Eleitoral
levanta os podres da campanha de 2014 e a Procuradoria-Geral da
República se prepara para formalizar uma avalanche de inquéritos
decorrentes das delações da Odebrecht, o presidente promove no Congresso
uma despudorada dança de cadeiras.
Temer confirmou no final de semana que Romero Jucá (PMDB) —oito
inquéritos no Supremo Tribunal Federal, três deles na Lava Jato—
responderá pela liderança do governo no Senado no lugar do tucano
Aloysio Nunes (PSDB), deslocado para o Itamaraty. O deputado André Moura
(PSC) —cinco inquéritos e três ações penais no Supremo— será líder do
governo no Congresso, posto que era exercido por Jucá.