Em seu primeiro depoimento como réu em processo da Lava Jato, Lula se colocou no lugar de Deus. Disse ao juiz Ricardo Augusto Soares Leite,
da 10ª Vara Federal de Brasília, que o primeiro-amigo José Carlos
Bumlai não estava autorizado a discutir negócios. O magistrado perguntou
se Bumlai poderia ter usado o nome de Lula. E o interrogado: “Doutor,
se o senhor soubesse quanta gente usa o meu nome em vão! De vez em
quando eu fico pensando pras pessoas (sic) lerem a Bíblia, pra não usar
tanto o meu nome em vão.”
Lula decerto se referia aos dois trechos da Bíblia que anotam os Dez Mandamentos que Deus
entregou ao seu marqueteiro, o profeta Moisés, para que ele os
propagandeasse. As Tábuas da Lei estão disponíveis em Êxodo 20,2-17 e
Deuteronômio 5,6-21. Incluem o seguinte preceito: “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão.”
Se pudesse, Deus talvez escolhesse
viver no Brasil. Como a onipresença obriga o Todo-Poderoso a estar em
toda parte, Lula o representa no território nacional. Mas a divindade
petista não se sente obrigada a observar todos os mandamentos. Dá de
ombros, por exemplo, para o “Não Furtarás”. A certa altura do
depoimento, Lula disse: “Me ofende profundamente a informação de que o
PT é uma organização criminosa.”
Lula talvez não tenha notado, mas ele próprio já frequenta as páginas
de cinco ações penais na posição de protagonista. De resto, o sistema
carcerário de Curitiba está apinhado de petistas: José Dirceu, Antonio
Palocci, João Vaccari Neto, Renato Duque…
Por Josias de Souza