A Assembleia Legislativa do Estado do Ceará realiza na segunda-feira (09/07), sessão solene em homenagem aos 93 anos de fundação da Associação Cearense de Imprensa (ACI). Na ocasião, serão homenageados também o memorialista Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez), o arquiteto Liberal de Castro e os jornalistas Dedé de Castro e Carlos d´Alge (os dois últimos in memoriam). A solenidade proposta pelo deputado estadual Moisés Braz, está marcada para as 18 horas, no Plenário 13 de Maio.
Os quatro homenageados foram escolhidos em votação realizada entre os diretores da ACI. São nomes cujas contribuições extrapolam a atuação no âmbito da imprensa e que, por suas atuações, são obrigatoriamente fontes de pesquisa para quem busca conhecer o estado do Ceará e a cidade de Fortaleza”, afirma o presidente da entidade, Salomão de Castro.
Confira abaixo o perfil dos homenageados:
Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez): a memória de Fortaleza passa por ele
Pesquisador e desenhista técnico aposentado, Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez) é um dos mais respeitados conhecedores da música popular do Brasil e dono de um dos maiores acervos sobre a cidade de Fortaleza. Trabalhou como desenhista técnico no DNOCS, onde ficou até o ano de 1991, quando foi transferido para a para a Rádio Universitária FM da Universidade Federal do Ceará (UFC). Desde 1956, colaborou com jornais de Fortaleza, tais como Tribuna do Ceará, Correio do Ceará e O Povo. Pelo seu trabalho, Nirez recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos. Dentre suas obras, destacam-se Enciclopédia da Música Popular Brasileira, Cronologia Ilustrada de Fortaleza e Fortaleza de Ontem e Hoje.
Liberal de Castro: arquiteto do concreto e das palavras
Natural de Fortaleza, é filho de José e Matilde Martins de Castro. Arquiteto pela Faculdade Nacional de Arquitetura da Universidade do Brasil (Rio de Janeiro, 1942), fundou o Departamento do Ceará do Instituto de Arquitetos do Brasil, bem como da Escola de Arquitetura da UFC, tendo História de Arquitetura e Evolução Urbana como áreas de ensino. Autor de vários projetos que o consagraram entre os melhores profissionais de sua categoria no Brasil e de obras, ensaios e estudos, teve intensa atuação no Instituto do Ceará. Fez inúmeros cenários para o teatro. Autor do projeto de tombamento do Theatro José de Alencar pelo Patrimônio Histórico Nacional e responsável pela restauração do Teatro São João, de Sobral.
Dedé de Castro: da infância em Itapipoca à disputa pela presidência da ACI
Figura lendária no jornalismo cearense, o jornalista Dedé de Castro acumulou três Prêmios Esso, tendo passado por várias redações de jornais do Ceará. Também atuou em Brasília e no Piauí. Natural de Itapipoca, Dedé nasceu em 16 de novembro de 1921, no sítio Garguê. Trabalhou no Sistema Verdes Mares desde os anos 80, mas também passou pelos jornais Tribuna do Ceará, O Estado, Unitário, Mutirão e Gazeta de Notícias. Durante a ditadura militar (1964/985), Dedé atuou contra o regime ditatorial, assumindo o rótulo de “comunista”. No Mutirão, assinou a coluna “O Cacete do Dedé”, mas não foi preso e manteve a militância por onde passou. Com fama de boêmio, familiares dizem que ele nunca ligou para os prêmios conquistados. Em 1983, foi candidato a presidente da ACI, em disputa com J. C. Alencar Araripe e Adísia Sá, sendo que, dentre os três, foi o único a não presidir a entidade nos anos seguintes. Faleceu em 9 de fevereiro de 2015, aos 93 anos de idade.
Carlos d´Alge: dedicação permanente às Letras
Professor, escritor e jornalista, Carlos D´Alge atuou no Departamento de Literatura da Universidade Federal do Ceará (UFC), integrando a Academia Cearense de Letras. Foi membro fundador da Academia Cearense da Língua Portuguesa, entidade que presidiu de 1986 a 1990. Natural de Chaves (Portugal), veio para o Brasil com seis anos de idade. Graduou-se em Letras, Direito e Educação. Alguns dos 12 livros que publicou foram pelas Edições UFC, como Terra do mar grande: alguns aspectos culturais portugueses e O sal da escrita. Além de ter exercido a docência, na UFC, teve papel importante na administração superior. Foi diretor do Centro de Humanidades, pró-reitor de Extensão, diretor da Casa de Cultura Portuguesa e coordenador do Curso de Jornalismo. Entre as inúmeras homenagens prestadas a Carlos d’Alge, um dos destaques foi o grau de comendador da Ordem de Instrução Pública de Portugal, concedida pelo então presidente de Portugal, Mário Soares. Foi por muito anos apresentador e mediador do programa Debates do Povo, na Rádio O Povo, junto com os jornalistas, Themístocles de Castro e Silva e Adísia Sá. Faleceu em 20 de dezembro de 2017, aos 87 anos, em Fortaleza.