terça-feira, 4 de outubro de 2022

CONGRESSO NACIONAL ESTARÁ À DIREITA E MAIS RADICALIZADO COM BOLSONARISTAS

 Estadão

A eleição deste domingo, transformou o Congresso Nacional no mais conservador da história do período democrático do País, considerando o resultado obtido nos principais colégios eleitorais. Os partidos de direita, com predomínio das legendas do Centrão, conquistaram a maioria das cadeiras da Câmara e do Senado em disputa.

O PL, partido do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, elegeu a maior bancada do Congresso. A sigla terá 99 deputados na Câmara a partir do ano que vem. A federação formada por PT, PCdoB e PV, que encabeça a chapa do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ficou com 80 deputados.

Somente o núcleo duro do Centrão, formado por PL, PP, Republicanos e União Brasil, elegeu 246 deputados, o que representa 48%, quase a metade da Câmara. O PP e o União anunciaram a intenção de formar uma única legenda, o que colocaria o novo partido como o líder na Câmara, com 106 parlamentares. A coligação de Lula emplacou 122 integrantes na Casa. Veja a lista completa.


Bancadas estaduais

O PL terá a maior bancada nos três principais colégios eleitorais: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Em São Paulo, o partido de Bolsonaro ficou com 17 cadeiras na Câmara, enquanto a federação PT-PCdoB-PV, que apoia o petista Luiz Inácio Lula da Silva, conquistou 11 vagas.

No total, São Paulo tem 70 deputados federais. Guilherme Boulos (PSOL) foi o campeão do Estado, com 1.001.472 votos. Ficou na frente do deputado Eduardo Bolsonaro (PL), filho do presidente, que chegou em terceiro lugar, com 741.701 votos. Também reeleita, a deputada Carla Zambelli (PL) ocupou a segunda posição, com 946.244 votos.

O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles também conquistou uma vaga na Câmara, sendo o quarto mais votado entre os paulistas, com 640.918 votos. Rosângela Moro (União Brasil), mulher de Sérgio Moro, foi eleita com 217.170 votos. O ex-ministro da Justiça, por sua vez, terá uma cadeira no Senado.

Candidatos de direita que romperam com Bolsonaro tiveram dificuldades – o próprio Moro se reaproximou do presidente na campanha. Joice Hasselmann (PSDB-SP), mulher mais votada em 2018 para deputada federal, teve apenas 13.679 votos e perdeu o cargo.

O PL de Bolsonaro se tornou o principal partido do Centrão e campeão de cadeiras na eleição para deputado federal no Rio, com 11 das 46 vagas em disputa. O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello (PL) foi o segundo deputado federal mais bem votado no Rio, com 205 mil votos. Talíria Petrone (PSOL), por sua vez, foi a melhor colocada na esquerda.

Em Minas, o vereador Nikolas Ferreira (PL) teve 1.396.211 de votos e foi o deputado federal mais votado do País. O partido de Bolsonaro ficou com 11 das 53 vagas.

Na prática, a vitória de políticos do Republicanos, do PP e do União Brasil fortalece a bancada da direita no Congresso. O PP do presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e o União Brasil, presidido pelo deputado Luciano Bivar (PE), negociam a formação de um único partido.

A configuração que sai das urnas aumenta a chance de o grupo ficar com os cargos mais estratégicos da Câmara a partir de 2023, incluindo a presidência da Casa, ampliando o domínio sobre a elaboração do Orçamento e a votação dos projetos de lei. Lira é candidato a novo mandato à frente da Câmara. Em Alagoas, ele foi o deputado federal mais votado.

A eleição para o Senado também foi marcada pela vitória de aliados de Bolsonaro e políticos que colaram seus nomes à figura do presidente. Os partidos de direita emplacaram 19 nomes.

Além de Moro, Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL), Tereza Cristina (PP) e Rogério Marinho (PL-RN) foram eleitos senadores. O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS) também conquistou uma vaga no Senado e Magno Malta (PL-ES) retornará à Casa.