O relator do mensalão no STF
(Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, virou o inimigo número um
do PT.
A berlinda começou quando,
ainda em 2007, Barbosa deu um voto duríssimo recebendo a denúncia dos então 40
réus do mensalão, que foi acompanhada, nos principais pontos, pelos demais
ministros da corte.
Mas nem sempre foi assim. A
nomeação do primeiro negro para o Supremo foi propagandeada como grande avanço
institucional do governo Lula. A cor da pele foi condição preliminar
estabelecida pelo próprio Lula, que pediu aos conselheiros, Márcio Thomaz
Bastos à frente, currículos de negros com notório saber jurídico e reputação
ilibada.
Quem participou do processo
lembra que os títulos de Joaquim Barbosa e sua carreira acadêmica internacional
o colocaram quilômetros à frente dos demais nomes levantados.
Ele ainda foi festejado pelo
PT pelos embates que travou com Gilmar Mendes, um dos alvos preferenciais do
partido, por ter sido nomeado por Fernando Henrique Cardoso.
Setores do petismo consideram
a indicação para a mais alta corte da Justiça do país equivalente à colocação
de 'companheiros' em postos do governo. Não lhes passa pela cabeça que, uma vez
investido da toga, o indicado passa a ser magistrado, membro de um Poder
independente.
Ao afirmar a existência do
mensalão e, ao que tudo indica, se preparar para pedir a condenação da grande
maioria dos réus, Barbosa passa a ser vítima de campanha difamatória.
O acadêmico brilhante de
antes vira 'despreparado', um 'promotor em pele de juiz'. Advogados e políticos
dizem que o ministro só chegou ao STF graças ao 'sistema de cotas'.
Caberá ao relator manter o
sangue frio para fundamentar seu voto e driblar a tentativa de
desestabilizá-lo.
Episódios como o embate com
Ricardo Lewandowski na abertura do julgamento, dizem seus pares, não ajudará a
legitimar sua posição no caso ao qual se dedica há sete anos. (Folha de
S.Paulo)