Desgastado pela pandemia do novo
coronavírus e pelas investigações envolvendo a família, o presidente Jair
Bolsonaro tentará conter a deterioração da sua imagem, com a entrega de obras
públicas. A primeira agenda com essa meta será em viagem a Penaforte (CE), para
participar da inauguração de um trecho de obra da transposição do rio São
Francisco.
A chegada
das águas do manancial ao estado deve garantir segurança hídrica à região e,
principalmente, diminuir drasticamente os problemas relacionados ao
abastecimento de água potável no Ceará e em outros estados, como Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas. Dessa forma, ao promover a entrega do
empreendimento, Bolsonaro passará a imagem de que concluiu aquilo que os
governos do PT não conseguiram terminar em quase 10 anos de obras, o que pode
aumentar a popularidade no Nordeste, região em que ele menos recebeu votos em
2018.
O compromisso
político torna-se ainda mais emblemático por se tratar da primeira viagem
oficial de Bolsonaro ao Ceará desde que ele assumiu o Palácio do Planalto.
Sendo assim, o presidente também poderá saber se a renda emergencial do auxílio
de R$ 600 contribuiu, de alguma forma, para melhorar a avaliação do governo.
Políticos da base já disseram ao mandatário que o coronavoucher é tratado como
o “dinheiro do Bolsonaro” pelos moradores do Nordeste.
Na
avaliação de parlamentares do estado, a cerimônia será um marco tanto para os
cearenses quanto para Bolsonaro. “A importância é imensa. Sempre tivemos
dificuldades com recursos hídricos e sabemos que, a qualquer momento, pode
faltar água de novo”, comentou o deputado federal Vaidon Oliveira (Pros).
“Acredito que é um momento de felicidade para todos e será muito importante
para o presidente, mesmo porque, todo governo gosta de fazer inauguração e, no
fim, isso é o que fica.”
Para o
deputado, a estratégia de Bolsonaro de se aproximar do Nordeste pode dar certo,
desde que ele mantenha viagens à região com uma certa regularidade.
O
deputado federal Dr. Jaziel (PL) fez a mesma avaliação. Segundo ele, “Bolsonaro
tem de estar no Nordeste e cuidar do Nordeste, que, com certeza, lhe dará bons
frutos”. “O presidente precisa conquistar o Nordeste e investir aqui. Ele tem
de repetir algo que foi feito nos outros governos: cativar o povo. Os
nordestinos precisam ver o lado trabalhador do Bolsonaro”, comentou. “A linha é
por aí. Bolsonaro deve vir muitas vezes mais, fazer mais ações e mostrar o que
ele tem de bom para servir ao Nordeste.”
(Correio Braziliense)