quarta-feira, 24 de agosto de 2022

OPERAÇÃO CONTRA EMPRESÁRIOS QUE FALARAM EM GOLPE ASSUSTA BOLSONARISTAS

 


A ação da Polícia Federal (PF) contra empresários que defenderam um golpe de Estado caso o petista Luiz Inácio Lula da Silva vença as eleições pesou o clima nas redes sociais de militantes bolsonaristas.

Autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da própria PF, a operação foi deflagrada após o colunista Guilherme Amado, do Metrópoles, revelar conversas de teor golpista entre executivos, em grupo no WhatsApp. O caso foi encarado por aliados do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), como uma ação orquestrada para calá-los e prejudicar a campanha do atual chefe do Executivo federal.

“Dormimos no Brasil e acordamos na Coreia do Norte”, comparou o bolsonarista Gustavo Gayer, em vídeo postado na terça (23/8). Com mais de 1 milhão de inscritos em seu canal no YouTube, o influenciador digital deu o seguinte título à publicação: Hoje o Brasil Deixou de ser Democracia.

“Imagine que você participe de grupos de WhatsApp e nesses grupos você verbalize sua indignação com o que tem acontecido no nosso país”, discursou ele, antes de acusar o STF de articular politicamente a volta de Lula à Presidência. “Já virou totalitarismo. Pessoas estão recebendo a PF por causa de prints em grupos de WhatsApp”, disparou Gayer, em tom alarmista que também pode ser percebido em grupos bolsonaristas presentes no Twitter e no Facebook.

O grupo

O que indignou a militância bolsonarista foi a operação policial em endereços ligados a empresários que apoiam o presidente e que tiveram conversas de teor golpista expostas pelo colunista Guilherme Amado, do Metrópoles. A PF cumpriu mandados de busca e apreensão nas casas de Afrânio Barreira Filho, dono do grupo Coco Bambu; Ivan Wrobel, da W3 Engenharia; José Isaac Peres, dono da gigante de shoppings Multiplan; Luciano Hang, do grupo Havan; André Tissot, da Sierra Móveis; Marco Aurélio Raymundo, o Morongo, da Mormaii; Meyer Nigri, da Tecnisa; e José Koury, dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro.

Eles se tornaram alvo de investigação depois de serem expostas mensagens como a enviada por Koury, que publicou no grupo: “Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo”.

Como a investigação é sigilosa, não se conhece ainda quais indícios, além das mensagens, podem ter sido apontados pela PF e levados em conta por Moraes ao autorizar a operação que preocupou e indignou bolsonaristas.

No próprio grupo de empresários, como também noticiou Guilherme Amado, a ação resultou em medo e debandada. Ecos desse comportamento podem ser encontrados em toda a rede de militância virtual ligada a Bolsonaro.