Brasília está de novo em pânico com uma investigação da Polícia Federal. Quase onze anos depois da deflagração da primeira etapa da Lava Jato, que varreria a elite política e econômica do país antes de ser enterrada, é a Operação Overclean, que prendeu um empreiteiro conhecido pelo sugestivo apelido de “Rei do Lixo”, que faz autoridades graúdas temerem o pior. O medo aumentou nas últimas horas, com o envio da investigação para o Supremo Tribunal Federal em razão do que já era óbvio: o envolvimento de gente com foro privilegiado no esquema, que mistura dinheiro público – inclusive de emendas, tema na moda – e suspeitas de corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.
Como a remessa de um processo de uma vara de primeira instância para a mais alta corte do país é um procedimento que precisa passar por alguns ritos burocráticos, até a noite desta quinta-feira, 16, o caso ainda não havia chegado a Brasília. Espera-se que isso aconteça em breve. Mas, de antemão, mesmo não tendo aterrissado ainda nos escaninhos do Supremo, lado a lado com a preocupação entre os políticos conectados ao empresário rondava uma especulação que para eles é também aterradora: a de que, no STF, o caso possa cair nas mãos de Flávio Dino, já que na origem do inquérito há dinheiro de emendas e, hoje, o ministro é o xerife do que há de mais importante sobre esse assunto na corte.
O “Rei do Lixo” é muito próximo ao chamado Centrão. Ocupa, inclusive, um posto de dirigente no União Brasil, atualmente um dos maiores partidos do Congresso, e é amigo do peito de seu presidente, Antonio Rueda, agora autodenominado Tony Rueda, personagem de ascensão meteórica nos céus da política nacional.