sexta-feira, 17 de janeiro de 2025

ONZE ANOS DEPOIS DA LAVA JATO, UMA NOVA INVESTIGAÇÃO ATERRORIZA POLÍTICOS EM BRASÍLIA

Brasília está de novo em pânico com uma investigação da Polícia Federal. Quase onze anos depois da deflagração da primeira etapa da Lava Jato, que varreria a elite política e econômica do país antes de ser enterrada, é a Operação Overclean, que prendeu um empreiteiro conhecido pelo sugestivo apelido de “Rei do Lixo”, que faz autoridades graúdas temerem o pior. O medo aumentou nas últimas horas, com o envio da investigação para o Supremo Tribunal Federal em razão do que já era óbvio: o envolvimento de gente com foro privilegiado no esquema, que mistura dinheiro público – inclusive de emendas, tema na moda – e suspeitas de corrupção, tráfico de influência e lavagem de dinheiro.


Até então, o caso estava na Justiça Federal da Bahia. Já era sabido que uma hora a apuração subiria de alçada. O motivo: as ligações estreitas do alvo principal, o empresário baiano José Marcos de Moura, o generoso e alegre dono da alcunha de “Rei do Lixo”, com figurões da política não apenas da Bahia, mas também da cena nacional – onde se dá com personagens, por exemplo, do topo da estrutura do Congresso Nacional. Nesta semana, depois de levar ao juiz original do caso, em Salvador, elementos que apontam para ligações de autoridades detentoras de foro privilegiado com a quadrilha investigada, a Polícia Federal fez com que as investigações fossem transferidas para o STF.

Como a remessa de um processo de uma vara de primeira instância para a mais alta corte do país é um procedimento que precisa passar por alguns ritos burocráticos, até a noite desta quinta-feira, 16, o caso ainda não havia chegado a Brasília. Espera-se que isso aconteça em breve. Mas, de antemão, mesmo não tendo aterrissado ainda nos escaninhos do Supremo, lado a lado com a preocupação entre os políticos conectados ao empresário rondava uma especulação que para eles é também aterradora: a de que, no STF, o caso possa cair nas mãos de Flávio Dino, já que na origem do inquérito há dinheiro de emendas e, hoje, o ministro é o xerife do que há de mais importante sobre esse assunto na corte.

O “Rei do Lixo” é muito próximo ao chamado Centrão. Ocupa, inclusive, um posto de dirigente no União Brasil, atualmente um dos maiores partidos do Congresso, e é amigo do peito de seu presidente, Antonio Rueda, agora autodenominado Tony Rueda, personagem de ascensão meteórica nos céus da política nacional.