A
cada duas ou três semanas, o lavrador Adaías Alves, 47, se reúne com
moradores da Vila Guimarães para pagar um caminhão-pipa e abastecer suas
famílias e lavouras. A comunidade rural fica em Marcos Parente (PI),
cidade vítima da seca, com 4.500 habitantes.
Embora
Adaías reclame que não tem "um pingo d'água", a vila não recebeu nenhum
dos 12 poços instalados pela prefeitura por meio de convênio de R$ 1,2
milhão com o governo federal.
Um
desses poços, no entanto, foi perfurado em uma propriedade do prefeito
Manoel Emídio (PSDB) e ao menos outros sete foram feitos em terrenos
ligados ao filho, ao sobrinho, à cunhada, a vereadores da base e amigos
do gestor municipal. Os equipamentos instalados pela prefeitura ainda
não funcionam.
Em
setembro do ano passado, o Ministério Público Federal abriu um
inquérito para investigar se o prefeito usou dinheiro público para
beneficiar familiares e aliados.
Enquanto
isso, as parcelas do convênio continuam sendo liberadas à prefeitura. O
último repasse, de R$ 360 mil, foi feito em 20 de maio. Até agora, a
prefeitura recebeu R$ 840 mil.
Da Folha de S.Paulo – José Marques