A Câmara dos
Deputados passa por um processo de desgaste da imagem por conta da permanência
do presidente Eduardo Cunha na direção da Instituição. Denunciado ao Supremo
Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por
suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, está sendo investigada a
sua implicação nos desvios de conduta apurados na Operação Lava Jato.
Assinei a
representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara contra este
parlamentar, em consequência das graves denúncias do Ministério Público
Federal. O deputado perdeu, há muito tempo, o benefício da dúvida.
Por essas razões,
defendo que ele deve afastar-se da Presidência, para o bem do Parlamento e da
Nação, até que tudo seja esclarecido, evitando a suspeição de uso do cargo em
sua defesa. A presidência da Câmara Federal representa a instituição, um
colegiado de 513 deputados. O seu titular, por ser o terceiro na linha
sucessória da República, deve ter conduta ilibada.
É inadmissível que
pese suspeita de que o cargo de presidente da Câmara foi instrumentalizado para
a defesa de interesses questionáveis do ponto de vista moral.
Esperamos que
Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados não falte com o
Brasil.
Com a cobrança da
opinião pública e o surgimento de novos fatos e denúncias, quase metade da
Câmara já quer o afastamento. Pesquisa Datafolha com 324 deputados (63% da
Casa), realizada entre 19 e 28 de outubro, revelou que 45% pediram a renúncia
do deputado Eduardo Cunha e 35% apoiam a sua cassação. Estou no primeiro grupo.
Enquanto ele não
sair, segue a triste cena que o País acompanha pelo noticiário. A ele cabe todo
o direto de defesa no processo democrático. Mas até agora não vimos argumento
convincente capaz de legitimar a sua continuidade no cargo.
Leônidas Cristino
dep.leonidascristino@camara.leg.br
Deputado Federal
(Pros)