segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

POR LEÔNIDAS CRISTINO: "PELO BEM DO BRASIL"

A Câmara dos Deputados passa por um processo de desgaste da imagem por conta da permanência do presidente Eduardo Cunha na direção da Instituição. Denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, está sendo investigada a sua implicação nos desvios de conduta apurados na Operação Lava Jato.

Assinei a representação no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara contra este parlamentar, em consequência das graves denúncias do Ministério Público Federal. O deputado perdeu, há muito tempo, o benefício da dúvida.

Por essas razões, defendo que ele deve afastar-se da Presidência, para o bem do Parlamento e da Nação, até que tudo seja esclarecido, evitando a suspeição de uso do cargo em sua defesa. A presidência da Câmara Federal representa a instituição, um colegiado de 513 deputados. O seu titular, por ser o terceiro na linha sucessória da República, deve ter conduta ilibada.

É inadmissível que pese suspeita de que o cargo de presidente da Câmara foi instrumentalizado para a defesa de interesses questionáveis do ponto de vista moral.

Esperamos que Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados não falte com o Brasil.

Com a cobrança da opinião pública e o surgimento de novos fatos e denúncias, quase metade da Câmara já quer o afastamento. Pesquisa Datafolha com 324 deputados (63% da Casa), realizada entre 19 e 28 de outubro, revelou que 45% pediram a renúncia do deputado Eduardo Cunha e 35% apoiam a sua cassação. Estou no primeiro grupo.

Enquanto ele não sair, segue a triste cena que o País acompanha pelo noticiário. A ele cabe todo o direto de defesa no processo democrático. Mas até agora não vimos argumento convincente capaz de legitimar a sua continuidade no cargo.

Leônidas Cristino
dep.leonidascristino@camara.leg.br
Deputado Federal (Pros)