É preciso primeiro colocar-se na situação do candidato eleito, após
uma eleição dura e disputada. Durante a campanha era o candidato quem
buscava a mídia, quem a procurava para defender-se, apresentar suas
idéias e projetos, esclarecer controvérsias, apresentar sua imagem,
entre outros objetivos.
Vitorioso, inverte-se de imediato a
equação. A mesma mídia que antes se apresentava arredia, desconfiada de
que estava sendo usada, agora o procura, tem tempo para ele, e, o que é
mais importante, garante-lhe os melhores espaços nos veículos.
Ao
mesmo tempo, há uma enorme curiosidade da população sobre o novo
governante. As pessoas querem conhecê-lo mais e melhor, saber o que
pensa, o que pretende fazer, com quem vai trabalhar, e tantas outras
curiosidades normais após toda a exposição pública e controvérsias
ensejadas pela campanha. Da parte do vitorioso há, como é compreensível,
o desejo de explorar esta súbita boa vontade e disposição dos veículos
ao máximo para aumentar a sua popularidade. Ainda mais sabendo que esta
situação não vai durar por muito tempo.
Por outro lado, ele também
sabe que precisa manter muitas questões (exatamente aquelas em que a
mídia está mais interessada) sob reserva. Precisa ganhar tempo para
pensar, avaliar pessoas, pesar as pressões, informar-se sobre a
realidade do cargo que vai assumir, reavaliar as promessas de campanha e
organizar a sua estratégia para o breve período
transição-posse-início-primeiros 100 dias.
(Por Francisco Ferraz)