Jornal do Brasil - O relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, autorizou a abertura de uma nova investigação contra o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB). Os detalhes sobre o inquérito ainda não foram tornados públicos.
Citado na delação do ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), no âmbito das investigações da Lava Jato, Eunício Oliveira (PMDB-CE) foi eleito presidente do Senado em fevereiro, com 61 votos, para um mandato de dois anos.
Em julho do ano passado, veio à tona outra citação a Eunício, também na Lava Jato. Em delação premiada, o ex-diretor da Hypermarcas Nelson José de Mello disse que pagou R$ 5 milhões em despesas de campanha do senador do PMDB para o governo do estado em 2014. De acordo com o delator, os pagamentos foram feitos por meio de contratos fictícios, operados pelo empresário Milton Lira, alvo de um dos mandados de busca e apreensão da Operação Sépsis, nova fase da Operação Lava Jato deflagrada nesta sexta-feira (1º).
No depoimento, Mello relatou que o lobista lhe informou que foi procurado por um sobrinho de Eunício Oliveira, chamado Ricardo, que pediu ajuda para a campanha eleitoral do tio. Devido à "posição do senador", o delator concordou em fazer o repasse.
"Que pagou despesas de empresas que prestava serviços à campanha de Eunício Oliveira; que ajudou mediante contratos fictícios; que o contrato foi no montante de R$ 3,350 milhões; que tratou com a esposa de uma pessoa que cuidava da campanha de marketing do governador, de Salvador, que são sócias de direito de duas empresas; que essas empresas não tinham capital social suficiente para o pagamento; que ao final se providenciou uma nova nota fiscal para totalizar R$ 5 milhões.", diz trecho do depoimento.
Eunício pode estar implicado, ainda, no esquema do ex-governador do Rio Sérgio Cabral e do governador Luiz Fernando Pezão. Advogados teriam citado o senador em petições apresentadas à Justiça Federal, com o objetivo de tentar levar o processo para tribunais superiores. O caso diz respeito à suposta propina de R$ 2 milhões a Cabral que teria sido disfarçada de doação da Andrade Gutierrez ao Diretório Nacional do PMDB na eleição de 2010. O pagamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o recibo foi assinado pelo atual presidente do Senado, à época tesoureiro do PMDB.