Helena Chagas
A ida do ministro Sergio Moro à CCJ do Senado hoje foi o primeiro round de uma luta que pode estar longe de acabar. O ex-juiz da Lava Jato não saiu nocauteado. Ele repetiu dezenas de vezes a palavra “sensacionalista” para se referir à divulgação das conversas pelo The Intercept e apostou na narrativa de que se trata de uma trama para acabar com a Lava Jato. Mas Moro caiu em provocações, perdeu a calma em alguns momentos e deixou lacunas em sua narrativa.
No primeiro caso, os oposicionistas foram bem sucedidos diversas vezes. Moro deu respostas atravessadas e chegou a confrontar senadores como Contarato, que questionou sua imparcialidade no julgamentos de casos nos quais teve papel de condução, como o do ex-presidente Lula. Embora o senador tenha ressalvado não estar questionando a Lava Jato como um todo, o ministro reagiu de forma agressiva: “O senhor defende então a anulação de tudo? Devolvermos o dinheiro para o Renato Duque, o Paulo Roberto?”.
Num comportamento que, para alguns senadores, beirou a arrogância, Moro citou por diversas vezes um artigo de um autor americano sobre o assunto que teria como título “O incrível escândalo que encolheu”.