Derrotado nas
últimas cinco eleições presidenciais e consumido pelas disputas internas, o
PSDB se apresentou em 23 de maio como um partido que, pela primeira vez em sua
história, não tem um candidato a presidente da República. E legado para
mostrar, os tucanos têm. Foi o único partido a ter um presidente da República
eleito e reeleito em primeiro turno, Fernando Henrique Cardoso, que montou a
equipe responsável pelo Plano Real, quando era ministro da Fazenda do então
presidente Itamar Franco. Foi o partido que teve ainda um ministro da Saúde, José
Serra, referência internacional e o da Educação, Paulo Renato Souza,
responsável por Toda a Criança na Escola. Montou a base do que seria o Bolsa
Família, hoje Auxílio Brasil.
Essa história de sucesso nos idos dos anos 90
não foi suficiente para os próprios tucanos. Há 20 anos, uma campanha em
que o jingle do candidato tucano José Serra dizia “a mudança é azul”
apresentava como o candidato da situação quase que com um viés oposicionista.
Não colou, embora tenha ido ao segundo turno. Depois, foi a vez e Geraldo
Alckmin, em 2006, que não conseguiu vencer o PT e agora se une a Lula. O único
a resgatar o governo de Fernando Henrique foi Aécio Neves, em 2010, com uma
campanha que quase chegou lá. Em 2018, Alckmin teria menos votos no segundo
turno do que no primeiro.
Ao vencer a prévia tucana em novembro, João
Doria acreditou que poderia mudar essa sina do partido. Jogou dentro das regras
definidas pelo partido. Seus aliados diziam que Doria tinha o melhor discurso,
trouxe a vacina contra covid, São Paulo cresceu mais do que o Brasil nesse
período. O conglomerado de partidos da tal terceira via não botou fé. Os
números das pesquisas indicaram que a rejeição do ex-governador é alta. A
senadora Simone Tebet tem mais chances, pelo menos, na avaliação do MDB, do Cidadania
e da cúpula do PSDB. Internamente, responsabilizavam Doria pelo fracasso
da candidatura única da terceira via. Agora, com João Doria fora da disputa e
no papel de “observador”, a cúpula partidária está com a faca e o queijo na
mão. Caberá a Bruno Araújo e à comissão executiva tucana a responsabilidade de
evitar que o partido se desintegre. A turma de São Paulo vai se dedicar à
campanha para o governo estadual. Lá, onde Rodrigo Garcia segue sua
pré-campanha ao governo estadual. Quem sobreviver a esse processo eleitoral de
2022, dará as cartas num futuro pra lá de incerto num PSDB que aos poucos foi
perdendo protagonismo e até aqui não conseguiu acertar o passo para recuperar.
(Blog da Denise)