Por Vera Magalhães, O Globo
A desistência de João Doria em participar da sucessão presidencial é uma derrota para alguém que viveu para essa candidatura nos últimos quatro anos, mas o PSDB saiu menor que seu agora ex-pré-candidato desse episódio dos mais lamentáveis da política nacional recente -- e olha que a concorrência é extensa.
O que se viu no último ano foi um partido fingindo que desejava fazer prévias inéditas para escolher seu candidato, depois de décadas fazendo essa definição num pequeno grupo de caciques.
O fingimento tinha propósito: os dirigentes tucanos imaginavam que conseguiriam vencer Doria, ainda visto como um cristão-novo nas artes da política, e que teria dificuldade de inserção para além das fronteiras de São Paulo.
Só que uma marca do ex-governador é a obstinação diante de um desejo. Além disso, Doria contou com o empenho de seu então vice-governador, Rodrigo Garcia, ávido para que a cadeira do Palácio dos Bandeirantes fosse logo desocupada para que ele pudesse colocar em prática o próprio projeto eleitoral.
Com uma máquina poderosa acionada no único Estado no qual o PSDB ainda é grande, Doria venceu as prévias, para muxoxo da cúpula do partido, que continuou trabalhando contra ele.