O salário do próprio presidente, que era de R$ 56,1 mil, passaria a ser de R$ 80,8 mil — o reajuste seria de quase 44%.
Como a coluna mostrou, além do salário mensal Guimarães recebia um valor extra de mais de R$ 130 mil por integrar conselhos de administração de subsidiárias da Caixa e de empresas privadas das quais o banco é sócio.
A proposta de reajuste chegou a ser submetida a diferentes instâncias internas, inclusive às diretorias que também seriam beneficiadas pelo aumento, entre elas a que cuida de assuntos jurídicos.
O plano ficou pelo caminho porque o Ministério da Economia, ao qual a Caixa é subordinada, sinalizou que não chancelaria o gasto extra.
Pelas planilhas elaboradas no processo que deu origem à proposta de aumento, o salário mensal dos vice-presidentes saltaria de R$ 50,2 para R$ 74,1 mil (mais 47,9%) e o dos diretores executivos passaria de R$ 41,8 mil para R$ 61,7 mil (mais 47,6%).
Dentro do governo, o argumento usado pelo time de Pedro Guimarães para tentar aprovar o reajuste era o de que a Caixa vinha tendo excelentes resultados, superiores aos do BNDES e do Banco do Brasil, e que, por isso, seria justo aumentar o salário dos principais executivos da instituição.
Foi da comparação com os salários pagos aos presidentes dos demais bancos públicos, aliás, que saiu a cifra pleiteada por Guimarães: o valor que ele queria ganhar, R$ 80,8 mil, era exatamente o da remuneração recebida pelo presidente do BNDES, Gustavo Montezano.
Pedro Guimarães deixou o comando da Caixa em 29 de junho, após a publicação de uma reportagem da coluna em que funcionárias da Caixa o acusavam de assédio sexual.