sábado, 27 de fevereiro de 2016

CIENTISTAS CHINESES CRIAM ESPERMATOZÓIDE DE LABORATÓRIO

A infertilidade afeta até 15% dos casais em todo o mundo. Desse percentual, em cerca de um terço dos casos, a impossibilidade de ter filhos está relacionada a problemas que atingem o homem, como a qualidade e o número baixos de espermatozoides. Ontem, cientistas chineses anunciaram um feito que poderá, no futuro, transformar completamente a maneira de enfrentar essa questão.
Os pesquisadores conseguiram criar espermatozoides de ratos a partir de células-tronco embrionárias dos animais. Pela primeira vez, o grupo de especialistas comprovou que as estruturas iniciais passaram, no laboratório, pelas mesmas fases de transformação que acontecem naturalmente até a geração dos gametas (células sexuais maduras) masculinos. Além disso, foi possível comprovar a funcionalidade dos espermatozoides ao usá-los para fertilizar ratas, que deram à luz filhotes que se mostraram saudáveis e férteis. Os resultados foram publicados na revista Cell Stem Cell.
Os autores do estudo explicam que uma das causas principais da inabilidade de reprodução masculina é a incapacidade de células germinais passarem por um tipo de divisão celular chamado meiose, processo pelo qual os espermatozoides são gerados. Por causa dessa dificuldade, os cientistas têm voltado a atenção para essa falha, buscando recriá-la em laboratório. “Reproduzir o desenvolvimento de células germinativas in vitro tem sido um dos objetivos centrais na biologia e na medicina reprodutivas”, afirma, em um comunicado à imprensa, Jiahao Sha, coautor do estudo e pesquisador da Universidade Médica de Nanjing, na China.
Segundo os responsáveis pelo trabalho, o maior desafio para criar gametas em laboratório era repetir os processos essenciais da meiose, justamente o que eles conseguiram com o novo método. O primeiro passo foi expor as células-tronco a um coquetel químico para transformá-las em estruturas precursoras de espermatozoides. Na etapa seguinte, essas células germinais foram inseridas em um meio que imitava o ambiente do tecido natural onde os gametas se desenvolvem, repleto de células testiculares e hormônios sexuais, como a testosterona. A estratégia se mostrou eficiente para disparar o processo da meiose, que foi completo, dando origem a espermatozoides com DNA e conteúdo cromossômico corretos.