sexta-feira, 5 de agosto de 2011

COMO SE DEU A DEMISSÃO...

Surpreendida ao saber, na noite de quarta-feira, 3, da bombástica entrevista do ministro da Defesa, Nelson Jobim, à revista Piauí, a presidente Dilma Rousseff não se conteve. “Só me faltava essa!”, disse ela, irritada há tempos com Jobim. Àquela altura, Jobim já viajara para Tabatinga (AM) e Dilma queria ler a entrevista “na íntegra” para saber se nenhuma frase havia sido retirada do contexto. “Mas ele falou mesmo que tem trapalhada no governo, que a Ideli é fraquinha e que a Gleisi não conhece Brasília?”, perguntou aos auxiliares, numa referência a Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e a Gleisi Hoffmann (Casa Civil).
Diante da resposta positiva, Dilma ordenou: “Me consigam essa entrevista”. Na manhã de quinta-feira, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tentou descontrair o ambiente da reunião matinal com Dilma, Gleisi, Ideli, Helena Chagas (Comunicação Social) e Giles Azevedo, chefe de gabinete. “Vou trazer um Biotônico Fontoura para a Ideli, que está fraquinha, e um GPS para a Gleisi, para ela se localizar “, brincou Carvalho. Até Dilma deu risada. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ligou para Ideli bem cedo. “Eu não disse que você era gordinha, como foi publicado; falei que você era fofinha”, justificou Sarney.
Foi somente às 12h35 que a entrevista chegou ao gabinete da presidente. Ela ficou furiosa com o que leu. Pouco depois, chamou os mais próximos para um almoço. À mesa com Gleisi, Ideli, Helena e Carvalho, a presidente conversou sobre a “situação insustentável” de Jobim. Até então, não tinha falado com ele ao telefone. Depois do almoço, Dilma ligou e mandou Jobim retornar, juntamente com o vice Michel Temer e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Ou você pede para sair ou eu saio com você”, disse ela.