A reunião de sábado entre o presidente Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), deu o pontapé inicial em uma mudança de estratégia de articulação política entre governo e Congresso pela aprovação da reforma da Previdência. Agora, o plano é fazer interlocução conjunta com congressistas. A ideia é fortalecer Maia, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), líderes partidários e os líderes do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), do Congresso, deputada Joice Hasselmann (PSL-SP), e do Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE).
O recado dado por Maia a pessoas próximas é de que Bolsonaro entendeu a importância de governar de forma conjunta com o Congresso. O presidente da República frisou que, sem a reforma, o país quebra no colo de todos, dele, de Maia e de Davi. Na prática, o aceno do pesselista mostra que ele está disposto a mudar a articulação política e fortificar os poderes dos presidentes das duas Casas. Ou seja, respaldar interlocuções feitas por ambos demistas como sendo do governo.
A articulação dos presidentes da Câmara e do Senado, por sua vez, aumenta os poderes dos líderes partidários. A tática é retomar interlocuções feitas na antiga legislatura, durante o governo do ex-presidente Michel Temer. Permitir que as lideranças sejam negociadores da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Previdência com suas respectivas bancadas.
Como negociadores em seus partidos, os líderes terão poder de filtrar demandas em relação à reforma. Sugestões de aperfeiçoamento ao texto na Câmara serão debatidas com Maia e dialogados com os líderes do governo. Tudo de forma hierarquizada e harmônica entre os poderes. O deputado Pedro Paulo (DEM-RJ) reconhece que as eleições mostraram um clamor do eleitorado por uma política de desintermediação política por meio das redes sociais. Entretanto, pondera que o funcionamento do Congresso respeita hierarquias bem-estabelecidas. “A eleição do Rodrigo (Maia) é a prova disso. Funciona de cima para baixo por diversos motivos, com respeito às lideranças. É impossível aprovar algo de fora pra dentro.”
(Rodolfo Costa - Correio Braziliense)