segunda-feira, 11 de março de 2019

PLANALTO TEM TUTELA CADA VEZ MAIS FORTE DO DEM

Os políticos mais tarimbados do país já fizeram suas apostas para o futuro: o DEM, comandado por ACM Neto. Eles acreditam que o partido que tem Onyx Lorenzoni na Casa Civil, Rodrigo Maia na Presidência da Câmara, Davi Alcolumbre no comando do Senado e dois ministérios que fazem o contato direto com os prefeitos — Agricultura e Saúde — está no aquecimento para tutelar o governo do presidente Jair Bolsonaro. Para completar, será o DEM que segurará a abertura de processo contra o presidente, caso a oposição cumpra a promessa de pedir o impeachment de Bolsonaro, por causa dos tuítes carnavalescos.

As chances de os partidos de centro investirem contra o presidente hoje é zero, porém, caberá ao DEM de Rodrigo Maia jogar qualquer pedido desses para fora do campo, deixando Bolsonaro devedor. Até aqui, comentam os demistas nos bastidores, nem o presidente pediu formalmente o apoio do Democratas nem o comandante da agremiação, ACM Neto, convocou qualquer reunião da Comissão Executiva Nacional para formalizar o apoio ao governo. O baiano, dizem seus amigos, aguarda um chamamento do Planalto para seguir esse ritual.
A tutela do DEM sobre o governo, entretanto, vai muito além do simples pedido de impeachment da oposição. Caberá ao partido, no comando do Congresso, ditar o ritmo das reformas. E, para completar, o PSL não tem uma bancada tão experiente no jogo congressual. Aqueles que poderiam fazer o contraponto ao DEM estão hoje mais próximos dos demistas do que do Planalto. O MDB virou sucata, conforme definem os políticos nos bastidores. O PP, o PSD e o PR têm mais acordos com o DEM do que com o governo. O PSDB, idem.

Jair Bolsonaro começou uma aproximação com os tucanos logo no início de seu governo. Recebeu com toda a pompa o governador de São Paulo, João Doria, seu aliado. O paulista apoia o governo, mas joga seu próprio xadrez político. No carnaval, esteve em Salvador, ao lado de ACM Neto, com quem almoçou na quarta-feira de cinzas, um encontro para aproximar e traçar cenários futuros.

Ambos concluíram que o momento é de ajudar o governo a aprovar as reformas para melhorar o ambiente econômico. Porém, é recomendável guardar distância das confusões que o governo arruma para si, especialmente com os posts de Bolsonaro no Twitter. Em meio ao carnaval, por exemplo, o líder do DEM na Câmara, Elmar Nascimento, alertou que as polêmicas levantadas pelo presidente e seus ministros “contaminam o ambiente de um debate que se mostra difícil e algo de muita distorção”, disse, referindo-se à reforma previdenciária. “O ideal é a mobilização das redes e das ruas para um tema central, mostrando disposição para o debate (da previdência) e articulação política”, disse o líder.
(Denise Rothenburg - Correio Braziliense)