A Cogerh avança nos trabalhos realizados em Jericoacoara para preservar a água disponível no manancial subterrâneo que é a principal fonte de abastecimento da vila. Os estudos de aquífero realizados pela companhia avaliam, entre outros aspectos, as condições geológicas e a qualidade da água subterrânea na vila praiana que é destino internacional.
Como forma de preservar e garantir a qualidade e disponibilidade da água subterrânea em Jericoacoara, a Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) avança nos estudos de aquífero realizados na paradisíaca vila praiana. A ação, que dialoga com as recentes campanhas de preservação do meio ambiente realizadas na vila, já apresenta resultados positivos na busca por garantir a segurança hídrica de moradores e visitantes.
O trabalho reúne diversas análises e estudos sobre condições geológicas e qualidade da água subterrânea em Jeri. Além de mapear todos os aspectos geológicos do aquífero, os estudos também colaboram para otimizar importantes políticas públicas no estado, como explica Zulene Almada, gerente de Estudos e Projetos da Cogerh. “O que a gente tem visto é que esses estudos são extremamente necessários e importantes para o estado porque não envolvem apenas o desenvolvimento do setor de recursos hídricos, mas também contribuem para o desenvolvimento de áreas social e economicamente estratégicas para o estado”, ressalta.
Em meio ao vai e vem de turistas e visitantes do mundo inteiro, a Cogerh já realizou importantes atividades para concluir o estudo em andamento. Entre elas, a coleta de água para análise de laboratório. O objetivo é realizar um diagnóstico da qualidade da água disponível para consumo. Ao todo, foram coletadas amostras de 40 poços da vila. Os resultados ainda são aguardados pela Cogerh.
Além disso, a companhia também concluiu levantamento planaltimétrico da área. O método é utilizado para gerar um mapa de fluxo da água, a partir da verificação das cotas dos poços. É o mapa de fluxo que permite aos geólogos verificar a direção e sentido da água no subsolo. Testes de aquíferos, que identificam parâmetros que auxiliam no cálculo efetivo da reserva disponível, também já foram realizados pela Cogerh em Jericoacoara.
Um levantamento geofísico, finalizado pela companhia, identificou que a geologia da área é mais complexa do que imaginavam os pesquisadores. “Inicialmente, pensávamos que os poços captavam apenas em região de dunas. Não sabíamos que captavam também em barreiras e, possivelmente, até em cristalino. Ainda estamos analisando”, antecipa Zulene.
Diferente do que muita gente pensa, trabalhar no paraíso demanda esforço intenso. Guilherme Filgueira, geólogo da gerência de Estudos e Projetos da Cogerh, é um dos profissionais que trabalha à frente do estudo de aquífero em Jericoacoara. De acordo com ele, trata-se de um estudo pioneiro que possui repercussão direta tanto na gestão dos recursos hídricos como também na manutenção do turismo local e na própria disponibilidade de água.
“É um aquífero raso e muito poroso, o que acaba se tornando muito vulnerável. Associado a isso tem o fato da água subterrânea ser a única forma de abastecimento da vila. Por isso a gente precisa desses dados. Não apenas enquanto órgão gestor, mas também para manutenção do turismo local e do acesso à água para todos”, explica o geólogo.
Ao todo, 14 profissionais da Cogerh estão envolvidos diretamente no projeto. Desse total, sete atuam diretamente em campo. Entre as etapas do trabalho, a abordagem porta a porta ainda é um desafio para a equipe de campo. “É um trabalho mais desgastante que o normal porque encontramos algumas resistências. Em grandes empreendimentos, por exemplo, nem sempre as informações necessárias são repassadas na primeira abordagem. Às vezes, é preciso mais tempo de sensibilização, explicação para que as pessoas compreendam o benefício que este tipo de trabalho traz para todos”, diz Guilherme.
Quando estiver finalizado, o estudo de aquífero em Jericoacoara vai trazer benefícios tanto para o poder público como para os usuários. A perspectiva é que o estudo apresente uma projeção de disponibilidade de água no manancial para os próximos 30 anos, associando ao crescimento populacional, tanto fixo como flutuante.