terça-feira, 8 de julho de 2025

ESTRESSADO COM MOTA, GOVERNO PRIVILEGIA DIÁLOGO COM LIRA NA PAUTA ECONÔMICA

 


Em meio à relação bastante conflagrada com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), o governo Lula está recorrendo a um interlocutor improvável na tentativa de ver os assuntos de seu interesse avançarem: o deputado Arthur Lira (PB-AL), ex-presidente da casa e relator da reforma do Imposto de Renda, proposta considerada prioritária para o Palácio do Planalto.

Enquanto digere os movimentos feitos por Motta que derrubaram o decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e até a falta de retorno dos telefonemas feitos ao presidente da Câmara, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem se dedicado a elogios ao antigo ocupante da cadeira.

Haddad tem feito questão de afagar Lira. Ao falar do relatório do deputado, a ser apresentado em breve, o ministro procurou disse a jornalistas que já sabe do conteúdo, mas que não gostaria de tirar de Lira o brilho do anúncio. “Não quero adiantar, pois fica indelicado. Já conheço os termos, mas cabe a ele fazer o anúncio”, disse o ministro, enfatizando que a conversa com o ex-presidente da Câmara se dá em “altíssimo nível”.

Os elogios de Haddad a Arthur Lira contrastam com o estado atual da relação com Hugo Motta. Se Lira é famoso no meio político por ser “cumpridor de acordos”, sejam eles de qualquer natureza, Motta, no episódio do IOF, ganhou a pecha de traidor perante os aliados de Lula, que o acusaram de não ter respeitado o prazo para que o governo apresentasse alternativas de arrecadação diferentes do aumento nas alíquotas do imposto.

Na semana passada, nos bastidores parlamentares governistas expressavam, sob reserva,  certa “saudade” de Arthur Lira – o que, aliás, irritou Motta ainda mais. Os afagos ao deputado alagoano são, de certa forma, curiosos porque quando ele estava na presidência da Câmara as queixas também eram recorrentes – governistas reclamavam, por exemplo, de seu apetite por cargos e da forma como ele, um dos principais próceres do Centrão, tratava demandas cruciais para o Planalto.

(PlatoBR)