terça-feira, 1 de julho de 2025

EXAME DE MEDICINA IGUAL O DA OAB É UMA SOLUÇÃO SIMPLISTA, DIZ ABEM

Por Eduarda Esposito — A criação do Exame Nacional de Medicina, nos moldes do exame da ordem aplicado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), não é um consenso entre as entidades ligadas à medicina no país. A Associação Brasileira de Educação Médica (Abem), entidade com mais de 60 anos, acredita que o exame no final da graduação como forma de habilitar o formando para o exercício da profissão é “simplista” para um problema complexo. 

De acordo com a entidade, não há evidências suficientes na literatura científica que comprovem que a formação está piorando ou ruim. “Eles (outras entidades) têm certeza que a qualidade está ruim ou está piorando. E não tem de onde informar isso. Eu estou falando no lugar da Abem que estuda isso, trabalha com isso há 60 anos”, afirma o diretor vice-presidente da Abem, Estevão Toffoli Rodrigues. 

Para a Abem, alguns pontos precisam ser debatidos um pouco mais antes da criação do exame. São eles: qualidade da formação, número de médicos necessários no Brasil, responsabilidade da formação, e uma prova nos moldes da OAB. Para a Abem, faltam dados científicos que comprovem quantos médicos são necessários no país, e o motivo é a existência do Sistema Único de Saúde (SUS) — tendo em vista que nenhum outro país tem um SUS próprio ou permite que médicos trabalhem no sistema público e privado ao mesmo tempo. 


Críticas à prova da OAB

Quanto ao exame nos moldes da OAB, a Abem acredita que não é o melhor caminho porque, de acordo com a entidade, a prova piorou o setor da advocacia no Brasil. “Não há evidências de que o exame da OAB melhorou a formação em direito, pelo contrário, há evidências de que desde que o exame foi unificado em 1995, a formação em direito foi ‘desregulada’, levando a um aumento massivo no número de cursos (de 200 para 1200 em 29 anos), com menos de 10% deles tendo o selo de boa formação da OAB”, destaca Rodrigues. A entidade ressalta ainda que a taxa de aprovação no exame da OAB é muito baixa, em torno de 20%. “Se algo semelhante ocorresse na medicina, haveria um colapso do SUS, dada a imensa necessidade de profissionais”, pontua o diretor.