A II Conferência da Caatinga – Desenvolvimento Humano e Sustentabilidade ‒ teve seguimento na manhã nesta quarta-feira (20/06), com a realização de três palestras sobre o tema, avaliando e apontando políticas para a região inserida no bioma. O evento é promovido pela Assembleia Legislativa, por meio do Conselho de Altos Estudos e do Governo do Estado.
De acordo com a coordenadora do evento, Rosana Garjulli, também responsável pela primeira palestra, "Apresentação dos Resultados e Compromissos da I Conferência da Caatinga", a II conferência procurou sistematizar todos os resultados obtidos a partir dos compromissos firmados na primeira edição do evento, realizada em 2012. No entanto, houve dificuldades na coleta de informações para a sistematização dos dados.
Entretanto, conforme salientou Rosana Garjulli, há seis anos, o Ceará apresentou 23 compromissos e implementou alguns avanços, entre estes a criação da Política Estadual sobre Inovações Científicas, da Política de Convivência com o Semiárido e da Política de Resíduos Sólidos.
No tocante a recursos hídricos, a coordenadora informou que a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos (SRH) criou o Comitê de Gestão da Água para Produção Agrícola (Gapa). Na área de educação, a Secretaria Estadual de Educação do Ceará (Seduc) criou as escolas do campo, promovendo o ensino contextualizado sobre o meio ambiente.
Rosana Garjulli destacou também que, durante o período de secas, de 2011 a 2017, o “Ceará promoveu uma quebra de paradigma, utilizando em larga escala as águas subterrâneas, o que até então não havia acontecido, apesar da climatologia seca do Ceará”.
O consultor de Planejamento Regional em Recursos Hídricos e Desenvolvimento Sustentável no Semiárido, José Otamar de Carvalho, promoveu a palestra “O bioma Caatinga e outros territórios frágeis do Nordeste”. Ele apontou que o aquecimento global está ampliando as áreas suscetíveis à escassez de recursos hídricos. Segundo ele, os efeitos da última seca, de 2012 a 2017, só não foram socialmente mais graves por conta das políticas implementadas pelo Governo Federal, como o programa Bolsa Família.
“Se antes tínhamos programas emergenciais, hoje temos programas permanentes”, salientou. Apesar desses investimentos, o pesquisador explicou que as áreas rurais do Nordeste concentram ainda os maiores índices de pobreza. Otamar de Carvalho revelou ainda que, desde os primeiros registros de seca, no século XVI, o fenômeno já aconteceu 73 vezes no Nordeste, sendo 40 anuais e 33 plurianuais.
Ele apontou a necessidade de fortalecimento da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) para enfrentar as questões climáticas da região.
A pesquisadora Roseleny Peixoto, do Programa de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que proferiu a palestra “A importância do desenvolvimento sustentável”, observou que não se pode mais tratar o desenvolvimento ambiental desvinculado dos desenvolvimentos econômico e social. “Os objetivos do desenvolvimento sustentável são a erradicação da pobreza, água, saneamento, saúde e energia limpa. Por isso, as instituições devem trabalhar de forma coordenada, mesmo que tenham áreas de atuação independentes”, frisou.
A oficial da ONU ressaltou ainda que os problemas são antigos e conhecidos de todos, e as soluções, da mesma forma. “Portanto, é importante a participação e o engajamento de toda a sociedade, para que se alcance o desenvolvimento sustentável, que é a preservação do meio ambiente para as gerações futuras”.