Acusado de
traição pelo
presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB), o prefeito de Fortaleza Roberto
Cláudio (PDT) disse, na manhã desta quinta-feira, que “teria um longo tratado
sobre lealdade, traição e lado político pra falar do Eunício e do MDB”.
O
prefeito, no entanto, evitou responder diretamente às críticas do emedebista,
que se tornou alvo de aliados de RC depois que empréstimo de US$ 150 milhões
contratado pela Prefeitura junto ao Banco Mundial retornou para a Casa Civil do
governo de Michel Temer (MDB).
“Não
é bom nesse momento eu nutrir qualquer tipo de rivalidade pessoal ou ataques
pessoais”, declarou Roberto Cláudio à repórter Germana Pinheiro, da Rádio O
POVO/CBN. Para ele, isso “não ajudará na resolução desse impasse” sobre a
concessão dos recursos, que está emperrada depois de dois anos de trâmite.
Segundo
aliados do gestor municipal, Eunício teria atuado deliberadamente para barrar o
empréstimo após sofrer derrota na Capital, onde ficou apenas em quarto lugar
nas eleições, atrás de Cid Gomes (PDT), Eduardo Girão (Pros) e Mayra Pinheiro
(PSDB).
Em entrevista ao O POVO publicada
na edição de hoje, Eunício nega interferência sobre o andamento da operação de
crédito e responsabiliza Roberto Cláudio por seu revés na cidade administrada
pelo pedetista.
“O
Ceará é detentor de um dos três poderes da República (o Legislativo, presidido
pelo senador). Foi a traição do Roberto Cláudio que retirou esse poder que o
estado tinha”, afirmou Eunício.
Em
seguida, o emedebista disse que havia selado acordo com o prefeito em reunião
na casa do governador Camilo Santana (PT) no dia 20 de julho.
Conforme
o senador, naquela ocasião, RC se comprometera em apoiá-lo, mas teria feito
trato com os seus adversários durante a campanha eleitoral.
Na
mesma entrevista, Eunício cita “Capitão Wagner e cia.” entre os nomes com quem
o chefe do Executivo municipal havia conversado com o objetivo de derrotá-lo em
Fortaleza.
De
acordo com Roberto Cláudio, no entanto, o senador perdeu não apenas na capital
cearense. “Olhe todos os municípios do entorno de Fortaleza. Caucaia,
Maracanaú, Aquiraz, Itaitinga e Eusébio”, afirmou. “Em todos, o senador foi o
quarto colocado. Foi um revés eleitoral por alguma razão, não vou aqui entrar
em interpretação.”
O
prefeito ressaltou que “a pergunta que se tem que responder é bem simples: é se
o senador Eunício vai se vingar da rejeição eleitoral que ele sofreu em
Fortaleza, atrapalhando o povo, ou ele vai cumprir a sua obrigação de senador
da República”.
O
pedetista menciona ainda uma mensagem que Eunício lhe teria enviado pelo
aplicativo Whatsapp em 4 de outubro, três dias antes da votação de primeiro
turno.
Nessa
mensagem, conta RC, o parlamentar do MDB garantia que a votação do empréstimo
no Senado estava marcada para o dia 10 de outubro.
O
prefeito finaliza: “Até esse momento, o que estou pedindo é mediação,
conciliação e bom-senso. Estou apelando à consciência e à responsabilidade da
sua obrigação, mas irei brigar até o último momento. Não irei deixar isso
barato”.
(Henrique Araújo - Opovo)