Do ano passado até o
início deste ano, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou atrás pelo
menos 10 vezes em decisões e declarações, que repercutiram mal. A mais recente
foi a decisão de recontratar o secretário-executivo da Casa Civil, José Vicente
Santini, após demissão por ter utilizado avião da FAB para se deslocar de
Brasília à Davos, na Suíça, e, em seguida, para a Índia.
Ministério da Justiça e da Segurança Pública permanece um só
Também em janeiro deste ano, o presidente anunciou por meio de uma live
que cogitava separar a pasta da Segurança Pública do Ministério da Justiça sob
o comando de Sergio Moro. Ele afirmou que, com a mudança, Moro permaneceria sob
o comando da Justiça.
Dois dias depois, o
presidente voltou atrás, descartando a possibilidade de separação das pastas
após pressão de aliados do ex-juiz. Bolsonaro afirmou durante uma coletiva que
"o Brasil está indo muito bem. Segurança pública, os números indicam que está
indo no caminho certo, e a minha máxima é: em time que está ganhando não se
mexe".
Subsídio para igrejas
Bolsonaro mudou de ideia sobre conceder subsídio a igrejas para energia
elétrica, dias após proposta do governo de subsídio ser divulgada por veículos
de comunicação. “A política da economia é não ter mais subsídios, está suspenso
qualquer iniciativa nesse sentido”, afirmou o presidente durante uma coletiva
de imprensa em janeiro.
Fundo Eleitoral
Após o Congresso aprovar o Fundo Eleitoral de R$ 2 bilhões em
discussão que aconteceu junto com a Lei Proposta Orçamentária (LOA). Os
parlamentares aprovaram exatamente o valor proposto pelo governo, mesmo assim,
em dezembro, o chefe do executivo ameaçou vetar o projeto. Em 2 de janeiro, o
presidente voltou atrás, alegando que o veto poderia ser enquadrado como crime
de responsabilidade.
“O veto ou a sanção é uma obediência à lei. Se você ler o Artigo
85 da Constituição, vai ver que, se não respeitar a lei, estou em curso de
crime de responsabilidade. O que posso dizer é isso. A conclusão agora é de
vocês. Porque é o seguinte: temos de preparar a opinião pública. Caso
contrário, vocês [da mídia] me massacram; arrebentam comigo”, declarou o
presidente na saída do Palácio da Alvorada, confirmando que
respeitaria a Constituição.
Reajuste
salarial da polícia do DF
Em dezembro, Bolsonaro afirmou que o reajuste das polícias do
Distrito Federal não seria mais por meio de Medida Provisória, como havia
anunciado dias antes, e sim por meio de Projeto de Crédito Suplementar. “Eu pretendia fazer a MP, mas aí eu
estaria podendo ser responsabilizado pela LRF [Lei de Responsabilidade
Fiscal]”, afirmou presidente na saída do Palácio da Alvorada.
Licitação de jornais
Em mais uma polêmica envolvendo a imprensa, o governo publicou
no Diário Oficial da União uma licitação de assinaturas de veículos em que
excluía o jornal Folha de S. Paulo. A
decisão foi recebida como um ataque à imprensa. Em dezembro, o governo voltou
atrás, e a licitação foi suspensa.
Teto
de gastos
Em setembro, menos de 24h depois do porta-voz da presidência da
República, general Otávio Rego Barros, afirmar que o governo avaliava rever
regra de disciplina fiscal, o presidente postou no Twitter que é preciso manter
o teto de gastos.
“Passar fome no Brasil é grande
mentira”, declarou Bolsonaro durante café da manhã com jornalista
A declaração do presidente provocou muita polêmica em setembro,
e ele decidiu rever sua afirmação. Durante um evento no Ministério da
Cidadania, Jair Bolsonaro recuou e declarou que “uma pequena parte da
população passa fome e outros passam mal ainda”.
Posse
novo presidente da Argentina
Novo presidente da Argentina, Alberto Fernandez,
quando eleito, fez um publicação nas redes sociais em apoio ao ex-presidente
Lula, que estava preso, na época. Após a postagem, o presidente Jair Bolsonaro
decidiu que o governo brasileiro não enviaria representante para a posse do
novo líder argentino e lamentou a vitória de Fernandez. Meses depois, recuou e
nomeou o vice-presidente, Hamilton Mourão, para representar o governo na posse
do novo presidente do país vizinho.
Resolução
do MEI
Bolsonaro decidiu revogar uma resolução do Governo Federal que
retirava do cadastro de Microempreendedor Individual (MEI) profissões ligadas à
cultura, educação e estética. O cadastro regulamenta trabalhadores informais,
concedendo direitos à previdência. A retirada das profissões provocou reações
principalmente no meio artístico. Após a má repercussão, o presidente decidiu
revogar a resolução, em dezembro, e manteve as profissões que seriam retiradas.
Incêndios na Amazônia
A cúpula do G7 aprovou um fundo de apoio de combate aos
incêndios na Amazônia no valor de US$ 20 milhões de dólares, equivalente a R$
83 milhões de reais, na época. O presidente Bolsonaro recusou a ajuda e estabeleceu
como condição para aceitar o dinheiro um pedido de desculpas do presidente
francês, Emmanuel Macron.
“Eu falei isso [que recusaria]? O presidente Jair Bolsonaro
falou? Primeiramente, o senhor Macron deve retirar os insultos que ele fez à
minha pessoa, primeiro me chamou de mentiroso, e depois, pelas informações que
eu tive, que disse que a nossa soberania está em aberto, então, para conversar,
ou aceitar qualquer coisa da França, que seja das melhores intenções possíveis,
ele vai ter de retirar essas palavras e daí a gente pode conversar”, afirmou o
presidente Bolsonaro.
O porta-voz da presidência, Otávio Rego afirmou após a
declaração que o governo Bolsonaro "não rasga dinheiro" e que
receberia ajuda financeira de organismos internacionais, com a condição de que
a gestão do recurso estivesse sob o comando do Brasil.