De início, carecia de sentido
o presidente Jair Bolsonaro dizer que só não venceu a eleição de 2018 direto no
primeiro turno porque houve fraude; roubaram-lhe votos para que fosse obrigado
a disputar o segundo turno com Fernando Haddad (PT).
Vê-se agora que não. Ele
preparava o terreno para a campanha contra o voto eletrônico. Se Lula ou
qualquer outro candidato o derrotar em outubro próximo, dirá que houve fraude,
não reconhecerá o resultado e porá suas tropas nas ruas.
Lembra
a estratégia de Donald Trump? É isso. A diferença é que Trump não contou com o
apoio do seu vice, a quem caberia como presidente do Senado proclamar ou não a
vitória de Joe Biden, e ele o fez; nem com o apoio das Forças Armadas.
Aqui
será diferente se Bolsonaro perder. No país em que os militares tantas vezes já
rasgaram a Constituição sob o pretexto de defender a democracia, pelo menos
parte deles ficará ao lado de Bolsonaro, além de policiais e de colecionadores
de armas.
Entre novembro de 2020 e
janeiro de 2022, no mínimo 394 mil postagens de origem bolsonarista no Facebook
puseram em dúvida a segurança das urnas eletrônicas, advogando o retorno do
voto impresso, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas, do Rio.
Os posts geraram 111 milhões
de interações – curtidas, comentários e compartilhamentos. Ficaram de fora
postagens em perfis pessoais. Bolsonaro viajou à Rússia e à Hungria para se
inteirar das novidades no campo da guerra eletrônica.
Sua
plataforma favorita é o Telegram, um serviço de mensagens instantâneas, criado
pelos irmãos russos Nikolai e Pavel Durov em 2013. Atualmente, o Telegram está
sediado em Dubai, cidade dos Emirados Árabes Unidos, visitada por Bolsonaro no
ano passado.