quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Como se comporta o eleitorado religioso nas eleições de 2022 no Ceará, conforme pesquisa Ipec

 


O levantamento, encomendado pela TV Verdes Mares, é feito pelo Ipec, criado por ex-executivos do Ibope Inteligência que encerrou as suas atividades.

Fatia do eleitorado que teve papel significativo na vitória do atual presidente Jair Bolsonaro (PL) em 2018, os religiosos voltam a atrair olhares atentos das campanhas eleitorais neste ano. Com um pleito polarizado nacionalmente e, no Ceará, disputado voto a voto, a primeira pesquisa Ipec realizada no Estado mediu como está o comportamento desses brasileiros que irão às urnas neste ano.

O levantamento, encomendado pela TV Verdes Mares, indica um cenário semelhante ao registrado em 2018, quando o eleitorado religioso, especialmente evangélico, esteve ao lado de nomes que faziam oposição à esquerda. Conforme a pesquisa, no Ceará, o candidato Capitão Wagner (União Brasil) é quem recebe o maior apoio desse segmento do eleitorado.

Na pesquisa estimulada, quando o nome dos candidatos é apresentado aos eleitores entrevistados, 47% das pessoas ouvidas manifestaram apoio ao candidato do União Brasil. Entre católicos, esse apoio é mais enxuto, ficando em 28%. 

Já Roberto Cláudio (PDT) recebe um apoio menor dos religiosos, porém, há um maior equilíbrio. Conforme o levantamento, 29% dos eleitores católicos estão com o pedetista, já os evangélicos representam 26%.

Em terceiro lugar geral na pesquisa, Elmano de Freitas (PT) tem apoio de apenas 10% do eleitorado evangélico, além de 21% dos católicos. 

A pesquisa foi realizada entre os dias 29 e 31 de agosto pelo instituto Ipec Inteligência e está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob número BR-05276/2022 e no Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) sob protocolo CE-08708/2022. O nível de confiança estimado é de 95%. Ao todo, foram ouvidos 1.200 eleitores, de forma presencial, de 56 municípios cearenses. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

CRISTIANISMO E A DIRETA NO BRASIL

Para cientistas sociais que pesquisam a relação entre política e religião, o “voto evangélico” tornou-se estratégico pelo poder de influência de lideranças religiosas, além da capilaridade desses grupos em áreas com grande volume de eleitores. 

Diante dessa conjuntura, Emanuel Freitas, professor de Teoria Política da Universidade Estadual do Ceará (Uece), acrescenta que há um alinhamento natural entre pautas da direita e segmentos religiosos conservadores. 

“Sobretudo do cristianismo em oposição às políticas progressistas que foram implementadas nos últimos anos relacionadas a gênero, mulher, população LGBTQIA+, aborto, descriminalização de drogas e novos arranjos familiares”, lista.

Jonael Pontes indica ainda que, em igrejas neopentecostais, há um “terreno fértil” para que essas ideias mais conservadoras “encontrem um fluxo sem impedimentos”. 

“Há uma combinação de variáveis para esse fenômeno, mas, sobretudo, a esquerda deixou um vácuo no trabalho de base nas comunidades (...) E uma igreja pode virar uma sucursal de um partido em uma comunidade, isso é importante, é um espaço físico que agrega pessoas, espalha bandeiras, ideias, e coopta votos”, avalia.

EVANGÉLICOS COM CAPITÃO WAGNER

No Ceará, conforme a primeira pesquisa Ipec, chama atenção a força do candidato Capitão Wagner no eleitorado evangélico. O político recebe apoio de 47% desse grupo. 

“Quando olhamos para a trajetória política do Wagner, vemos que, desde 2016, ele recebe apoio desse segmento. Lembro que tinha apoio da (deputada estadual) Dra. Silvana, representando os evangélicos, e do (deputado estadual) Carlos Matos, dos católicos, quando ele disputou a Prefeitura de Fortaleza”, aponta Emanuel Freitas.