Por que os ministros togados
falam tanto?, pergunta o comentário de 1 minuto para o site de VEJA. Na Corte
Suprema dos Estados Unidos, por exemplo, os votos dos juízes são medidos em
minutos. Aqui, duram horas ─ ou dias, como atesta o julgamento do mensalão.
E por que muitos integrantes
do Supremo Tribunal Federal falam um dialeto sem parentesco com língua de
gente?, intrigam-se os espectadores da TV Justiça que acompanham o desfecho do
processo mais importante da história.
Por que teimam em atormentar a imensidão de leigos com a aflitiva mistura de verbos que ninguém conjuga, citações de sumidades que ninguém conhece, substantivos de fraque e cartola, adjetivos de polainas, tudo temperado com latinório de missa antiga?
Por que teimam em atormentar a imensidão de leigos com a aflitiva mistura de verbos que ninguém conjuga, citações de sumidades que ninguém conhece, substantivos de fraque e cartola, adjetivos de polainas, tudo temperado com latinório de missa antiga?
Por que o time dos doutos,
insignes e preclaros se recusa a ir direto ao ponto, a contar o caso como o
caso foi, a descrever as coisas como as coisas são? Por que tantos
circunlóquios, ademanes e rapapés farisaicos? Por que tão frequentes passeios
pela floresta impenetrável dos artigos, parágrafos e incisos?
Por que perder a oportunidade
sem precedentes de mostrar aos nativos sem toga como funciona a Justiça em sua
última instância, como são os homens que julgam sem direito a recurso, como se
chega a uma decisão, de que modo nasce uma sentença?
Sobretudo, por que jogar fora
a chance de explicar aos milhões de interessados, com a concisão possível e a
indispensável objetividade, o que foi exatamente o mensalão?
Para melhorar a vida dos
espectadores que se esforçam para entender o que dizem, o elenco no palco do
STF precisa reduzir a frequência dos surtos de vaidade, não amar tão
perdidamente o som da própria voz, tratar os brasileiros comuns com mais
compaixão e com menos clemência a bandidagem da classe especial. Não é pedir
muito. E é tudo o que a plateia quer. (Blog do Augusto Nunes)