terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

TERRORISMO, POR MERVAL PEREIRA

Merval Pereira, O Globo
A violência chegou ao limite do suportável em uma sociedade democrática nessas manifestações utilizadas pelos black blocs como pretexto para suas atuações terroristas. O desprezo pela vida humana está implícito na atitude irresponsável de atirar um rojão em direção a adversários, pois qualquer pessoa normal sabe que não é possível soltar um artefato com esse teor de destruição em uma manifestação pública sem correr o risco de matar alguém, como aconteceu no caso trágico do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Andrade.
Todo manifestante que participa dessas passeatas com a intenção de direcionar um artefato desses — um sinalizador, um rojão — contra alguém, seja policial, seja um jornalista, é um assassino em potencial. A atitude pode ser considerada um ato de terrorismo.
Cinegrafista Santiago Andrade após ser atingido por rojão. Foto: BBC

É preciso que a sociedade entenda isso perfeitamente: os black blocs, que têm na violência a maneira de se manifestar contra as instituições ou as grandes corporações capitalistas, assumem o risco de ferir gravemente ou até mesmo de matar, uma atitude inaceitável em uma democracia, onde quem tem o direito ao uso da força é apenas a polícia.
Com muito treinamento e com armas que, pelo menos na teoria, não provoquem danos como os causados pelo rojão. A sociedade exige, além do mais, que a polícia não exorbite desse poder de uso da força que lhe é concedido, e está sempre atenta a denunciar quando isso acontece. Sempre que a polícia age fora dos padrões exigidos em uma democracia, a imprensa é a primeira a denunciar os desvios e a cobrar punições.