Os deputados federais da bancada ruralista, a Frente Parlamentar da
Agropecuária (FPA), uma das maiores e mais organizadas bancadas da
Câmara dos Deputados, reúnem-se semanalmente durante um almoço em uma
mansão no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. Divulgado com antecedência
também para a imprensa, o “cardápio” – nome dado pela assessoria
própria da FPA às pautas que estarão em debate – na terça-feira (16)
incluiu a tributação de produtos agrícolas, a indenização de
propriedades quando desapropriadas e a indicação de membros para as
comissões permanentes da Câmara dos Deputados, cuja composição é
renovada a cada ano. Além do colegiado de Agricultura, os ruralistas
estão de olho especialmente em outros dois: o de Constituição e Justiça e
de Cidadania (CCJ) e o de Meio Ambiente.
Além da FPA, diversas outras bancadas atuam diariamente no Congresso
Nacional, reunindo deputados com ideologias, motivações ou objetivos
semelhantes, ou ainda com financiadores do mesmo setor. A dinâmica de
funcionamento desses conjuntos temáticos é heterogênea. Nem todos
possuem estrutura ou estratégia semelhante aos ruralistas – que contam
com coordenadores, agitadores e negociadores entre os seus inscritos –, e
em muitos casos a formação da bancada só fica clara com o desenrolar de
pautas específicas ou com a ajuda dos dados de doação de campanha.
Para mostrar quais parlamentares defendem quais interesses, a Pública
levantou a composição de onze das bancadas mais atuantes. Além dos
ruralistas, que contam com 207 deputados, mapeamos outras gigantes da
Câmara: a evangélica (197), a empresarial (208), a das empreiteiras e
construtoras (226) e a dos parentes (238), o maior agrupamento da Casa –
confirmando a tendência de aumento do número de deputados com
familiares políticos, como a Pública mostrou recentemente.