A
liberdade de expressão e de imprensa é um assunto extremamente sensível
para jornalistas, veículos de comunicação, dirigentes e proprietários
de órgãos da imprensa. Não é surpresa nenhuma, portanto, ver em altos de
página de grandes jornais a notícia da condução coercitiva de Eduardo
Guimarães, do Blog da Cidadania.
Atitudes desse tipo são sempre consideradas ameaças ao princípio da
liberdade de informação, e se há algo que une o sempre disperso
establishment midiático é isso – mesmo quando atingem um blogueiro de
campo ideológico oposto ao deles.
O
juiz Sergio Moro tem sido sempre hábil na relação com a mídia,
alimentando-a de informação e tendo nela um dos principais sustentáculos
do sucesso da Lava Jato. Graças a isso, conquistou o apoio que ainda
tem hoje da maior parte da sociedade. Mas não há dúvidas de que pisou na
bola ao determinar a condução coercitiva de Guimarães e,
principalmente, com a nota da Justiça Federal justificando o episódio
poucas horas depois.
Não
cabe à Justiça, nas circunstâncias, dizer se a informação postada num
blog é jornalística ou não, e se o sujeito, que faz o Blog há mais de
dez anos, é jornalista ou não. Muito menos qualificar o tipo de blog que
ele faz. Depois que o Supremo Tribunal Federal decretou que não é
necessário o diploma de jornalismo para exercer a profissão, ficou tudo
muito fluido no nosso mercado.
O
certo é que Guimarães, como tantos outros fazem todos os dias, deu uma
informação que se comprovou correta, a de que o ex-presidente Lula seria
levado em condução coercitiva. E, assim como tantos outros que
antecipam informações, não pode ser criminalizado por isso. Ao ir em
cima do blogueiro, que divulgou uma informação incômoda, e deixar todos
os demais vazamento impunes, Curitiba passa a impressão de que age com
dois pesos e duas medidas, e de que quer controlar não só a informação,
mas a imprensa.
O melhor caminho para o juiz, agora, seria reconhecer o erro e pedir desculpas.